quarta-feira, 16 de março de 2016

PORTO E SPORTING EM CRISE




SPORTING VAI FALHAR, PORTO JÁ FALHOU



Antes de entrar na “ordem do dia”, que obviamente tem a ver com a situação do Porto e do Sporting, convém dizer alguma coisa sobre os castigos que o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol aplicou aos presidentes do Sporting e do Benfica.

Os castigos estão relacionados com o comportamento do presidente do Sporting durante o jogo Sporting-Tondela (2-2) e as declarações de Luís Filipe Vieira depois do jogo Benfica-Rio Ave (3-1).

Não deixa de ser absolutamente surpreendente que ao presidente do Benfica tenha sido aplicada uma pena de suspensão de 23 dias e ao do Sporting a de 19 dias.

Os comportamento do presidente do Sporting, da equipa técnica e demais dirigentes presentes no banco foram vistos e revistos por toda a gente que assistia ao jogo ou que posteriormente teve acesso às imagens. Depois de um penalty indiscutível cometido por Rui Patrício - que foi expulso, e bem, pela falta em que incorreu -, toda a gente acima referida pressionou de modo absolutamente inaceitável a equipa de arbitragem com vista à alteração da decisão. Foi público e notório que o presidente do Sporting se dirigiu à equipa de arbitragem em termos injuriosos, a ponto de ser afastado pelo “pacífico” Jorge Jesus. Foi expulso, seguidamente no facebook continuou a verberar a actuação do árbitro e numa reunião posterior com sportinguistas (assembleia geral ou qualquer coisa parecida) foi grosseira e malcriadamente injurioso para com o árbitro, chegando ao ponto de afirmar que somente não lhe deu um pontapé no c., porque ele poderia gostar. Enfim, desde esta linguagem que está ao nível ao nível do Sporting até às ameaças e pressões, valeu tudo. E o Conselho de Disciplina acha adequado para este comportamento uma pena de suspensão de 19 dias!

Uma vergonha! Uma decisão de quem não se respeita, de quem não respeita a Federação e de quem não respeita os amantes do futebol. Mais a mais para punir um comportamento que ocorreu num jogo onde até um penalty fantasma foi exigido pelo banco do Sporting. Uma exigência tão caricata e tão típica da forma de agir do actual Sporting que nem palavras foram necessárias para a qualificar: bastava assistir às imagens incessantemente repetidas pela televisão.

Pois bem. Filipe Vieira, depois do jogo do Benfica com o Rio Ave, em que por três vezes a bola foi cortada com o braço, dentro da área, por jogadores do Rio Ave sem que o árbitro nada tenha assinalado, disse em resposta às múltiplas afirmações e insinuações de favorecimento do Benfica feitas por adeptos e dirigentes do Sporting e do Porto, que gostaria de ver se no dia seguinte os jornais e as televisões diriam em título “Roubo na Luz”.

É óbvio para qualquer pessoa capaz de saber interpretar as declarações de outrem que o presidente do Benfica não chamou ladrão ao árbitro, nem disse que o que se passou na Luz foi um roubo. Nada disso, o que o presidente do Benfica quis dizer foi se aqueles que nas televisões e nos jornais passam o seu tempo a insinuar manobras sediciosas da arbitragem pelo Benfica viriam amanhã (no dia seguinte) afirmar que o que se passou na Luz foi um roubo! Este e não outro é o sentido da sua declaração. Uma declaração que pode ser ouvida e devidamente interpretada por quem tenha um mínimo de inteligência e actue de boa-fé.

Deturpando gravemente o sentido da declaração proferida, o Conselho de Disciplina puniu Vieira com 23 dias de suspensão. Que vergonha! Que falta de competência!

Deixando este assunto e entrando, embora brevemente, na análise da grave crise por que passam Porto e Sporting, bastará dizer, quanto a este último, que o plano que este fim de semana o Sporting tentou pôr em prática é absolutamente ridículo e suficientemente ilustrativo do imenso nervosismo com que estes dias estão sendo vividos no interior da sua estrutura dirigente e da sua equipa técnica.

A primeira coisa a dizer quanto à estrutura dirigente do Sporting é que ela é composta por um conjunto de pessoas pouco aptas, algumas manifestamente atrasadas do ponto de vista intelectual, todas elas assalariadas, dependentes do clube para poderem continuar a viver sem cair no drama do desemprego. Todos eles vivem do clube, desde o presidente de ex-empresas falidas até ao desgraçado do Inácio, que, coitado, deve pouco à inteligência, embora faça tudo o que lhe pedem para manter um emprego que (apesar de Jesus) continua a estar no plano da remuneração muitíssimo acima das suas capacidades. Até chega a dar pena o modo desastrado e prejudicial como ele interpreta e desempenha o papel que lhe atribuíram. Coitado, é tão triste não ter o que se não pode comprar… O presidente que corre o sério risco de pelo terceiro ano consecutivo deixar incumpridas as promessas com que inebriou os adeptos sabe que precisa do êxito de Jesus como se de uma necessidade vital (e é, para ele…) se tratasse. Entre responsabilizar Jesus, por já ter perdido todas as competições em que participou, com excepção da supertaça (um único jogo!), e continuar a apoiá-lo para ver se ainda consegue chegar à vitória no campeonato, o presidente segue um caminho errático traçado pelo seu hiperactivismo balofo, embora sabendo que é no Benfica – na classe do Benfica – que residem todas as suas desgraças. E então põe o desgraçado do Inácio, pobre pau-mandado, a invectivar o clube da Luz por tudo o que acontece ao Sporting! Que pobreza de espírito e que luta pela sobrevivência!

O próprio Jesus dando mostras de já estar contagiado pelo clima de histerismo que se vive em Alvalade até já atribui os êxitos que obteve no Benfica à capacidade de destabilização dos adversários posta em prática pelos “cérebros” da Luz. A que pequenez ele se remete para tentar deixar passar a ideia de que está sintonizado com o “seu” presidente e que grandeza ele reconhece ao Benfica! Parabéns ao Jesus por esta confissão tardia das suas "capacidades"!

Quanto aos comentadores do Sporting, deixando de lado Rui Santos, que não é audível por uma questão de higiene, e compreendendo a grande dificuldade em que se movimenta o cómico triste José Pina, só resta a desonestidade intelectual de Rogério Alves, apesar de muito primária.

Já no que toca ao Porto, a questão não é tanto como no Sporting uma questão de sobrevivência, mas um problema de consolidação e repartição da riqueza entre um pequeno número de privilegiados. Fazendo fé nas declarações dos portistas mais informados, a guerra pelo dinheiro no interior da SAD portista foi arbitrada por Pinto da Costa salomonicamente. Ou seja, dando aos diversos grupos concorrentes e rivais igualdade de acesso ao dinheiro…que por aquelas bandas têm corrido aos milhões.

A crise do Porto, equipe de futebol, é hoje o reflexo inquestionável do fim de uma era e de uma luta pelo dinheiro numa entidade em crise mas com uma altíssima facturação. Tal como se passa hoje em muitos Estados, também o FCP passa por uma crise semelhante – uma crise que corrói o clube como somente as crises que têm o seu epicentro no dinheiro são capazes de corroer.

A isto acresce o facto de o FCP nunca ter vivido em consonância com a sociedade democrática. O 25 de Abril nunca passou pelo FCP. Primeiro, foi afastado por uma ditadura férrea, que não permitia internamente a liberdade de opinião, que controlava externamente a imprensa e as televisões e vivia em coabitação promíscua com a arbitragem. Claro que nada disto chegava para assegurar a hegemonia se simultaneamente não fosse alicerçada numa grande equipa e em escolhas criteriosas pelo menos em cinquenta por cento dos casos.  

Como estas ajudas hoje não existem e a equipa é fraca pelas reprováveis razões acima apontadas, o Porto entrou numa crise de que não vai sair tão cedo. Hoje, contrariamente ao que se passava ontem, a presença de Pinto da Costa à frente do clube é um desejo ciosamente guardado por todos os seus adversários.

Mas atenção, embora a crise do Porto tenda a agravar-se – e é isso que certamente vai acontecer –, não é conjunturalmente do interesse do Benfica que o Porto se continue a afastar do segundo lugar.


1 comentário:

Anónimo disse...

Excelente análise. De acordo com tudo.
É particularmente importante que o Porto se mantenha na luta pelo 2º lugar.