SPORTING VAI FALHAR, PORTO JÁ FALHOU
Antes de entrar na “ordem do dia”, que obviamente tem a ver
com a situação do Porto e do Sporting, convém dizer alguma coisa sobre os
castigos que o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol
aplicou aos presidentes do Sporting e do Benfica.
Os castigos estão relacionados com o comportamento do
presidente do Sporting durante o jogo Sporting-Tondela (2-2) e as declarações
de Luís Filipe Vieira depois do jogo Benfica-Rio Ave (3-1).
Não deixa de ser absolutamente surpreendente que ao
presidente do Benfica tenha sido aplicada uma pena de suspensão de 23 dias e ao
do Sporting a de 19 dias.
Os comportamento do presidente do Sporting, da equipa técnica
e demais dirigentes presentes no banco foram vistos e revistos por toda a gente que
assistia ao jogo ou que posteriormente teve acesso às imagens. Depois de um penalty indiscutível cometido por Rui
Patrício - que foi expulso, e bem, pela falta em que incorreu -, toda a gente
acima referida pressionou de modo absolutamente inaceitável a equipa de
arbitragem com vista à alteração da decisão. Foi público e notório que o
presidente do Sporting se dirigiu à equipa de arbitragem em termos injuriosos,
a ponto de ser afastado pelo “pacífico” Jorge Jesus. Foi expulso, seguidamente
no facebook continuou a verberar a actuação do árbitro e numa reunião posterior
com sportinguistas (assembleia geral ou qualquer coisa parecida) foi grosseira
e malcriadamente injurioso para com o árbitro, chegando ao ponto de afirmar
que somente não lhe deu um pontapé no c., porque ele poderia gostar. Enfim,
desde esta linguagem que está ao nível ao nível do Sporting até às ameaças e
pressões, valeu tudo. E o Conselho de Disciplina acha adequado para este
comportamento uma pena de suspensão de 19 dias!
Uma vergonha! Uma decisão de quem não se respeita, de quem não
respeita a Federação e de quem não respeita os amantes do futebol. Mais a mais
para punir um comportamento que ocorreu num jogo onde até um penalty fantasma foi exigido pelo banco
do Sporting. Uma exigência tão caricata e tão típica da forma de agir do actual
Sporting que nem palavras foram necessárias para a qualificar: bastava assistir
às imagens incessantemente repetidas pela televisão.
Pois bem. Filipe Vieira, depois do jogo do Benfica com o Rio
Ave, em que por três vezes a bola foi cortada com o braço, dentro da área, por
jogadores do Rio Ave sem que o árbitro nada tenha assinalado, disse em resposta
às múltiplas afirmações e insinuações de favorecimento do Benfica feitas por adeptos
e dirigentes do Sporting e do Porto, que gostaria de ver se no dia seguinte os
jornais e as televisões diriam em título “Roubo na Luz”.
É óbvio para qualquer pessoa capaz de saber interpretar as
declarações de outrem que o presidente do Benfica não chamou ladrão ao árbitro,
nem disse que o que se passou na Luz foi um roubo. Nada disso, o que o
presidente do Benfica quis dizer foi se aqueles que nas televisões e nos
jornais passam o seu tempo a insinuar manobras sediciosas da arbitragem pelo Benfica viriam amanhã
(no dia seguinte) afirmar que o que se passou na Luz foi um roubo! Este e não
outro é o sentido da sua declaração. Uma declaração que pode ser ouvida e devidamente
interpretada por quem tenha um mínimo de inteligência e actue de boa-fé.
Deturpando gravemente o sentido da declaração proferida, o
Conselho de Disciplina puniu Vieira com 23 dias de suspensão. Que vergonha! Que
falta de competência!
Deixando este assunto e entrando, embora brevemente, na
análise da grave crise por que passam Porto e Sporting, bastará dizer, quanto a
este último, que o plano que este fim de semana o Sporting tentou pôr em prática é
absolutamente ridículo e suficientemente ilustrativo do imenso nervosismo com
que estes dias estão sendo vividos no interior da sua estrutura dirigente e da sua
equipa técnica.
A primeira coisa a dizer quanto à estrutura dirigente do
Sporting é que ela é composta por um conjunto de pessoas pouco aptas,
algumas manifestamente atrasadas do ponto de vista intelectual, todas elas
assalariadas, dependentes do clube para poderem continuar a viver sem cair no
drama do desemprego. Todos eles vivem do clube, desde o presidente de ex-empresas falidas até
ao desgraçado do Inácio, que, coitado, deve pouco à inteligência, embora faça tudo
o que lhe pedem para manter um emprego que (apesar de Jesus) continua a estar
no plano da remuneração muitíssimo acima das suas capacidades. Até chega a dar
pena o modo desastrado e prejudicial como
ele interpreta e desempenha o papel que lhe atribuíram. Coitado, é tão triste
não ter o que se não pode comprar… O presidente que corre o sério risco de pelo
terceiro ano consecutivo deixar incumpridas as promessas com que inebriou os
adeptos sabe que precisa do êxito de Jesus como se de uma necessidade vital (e é,
para ele…) se tratasse. Entre responsabilizar Jesus, por já ter perdido todas as
competições em que participou, com excepção da supertaça (um único jogo!), e
continuar a apoiá-lo para ver se ainda consegue chegar à vitória no campeonato,
o presidente segue um caminho errático traçado pelo seu hiperactivismo balofo,
embora sabendo que é no Benfica – na classe do Benfica – que residem todas as
suas desgraças. E então põe o desgraçado do Inácio, pobre pau-mandado, a
invectivar o clube da Luz por tudo o que acontece ao Sporting! Que pobreza de
espírito e que luta pela sobrevivência!
O próprio Jesus dando mostras de já estar contagiado pelo
clima de histerismo que se vive em Alvalade até já atribui os êxitos que obteve
no Benfica à capacidade de destabilização dos adversários posta em prática
pelos “cérebros” da Luz. A que pequenez ele se remete para tentar deixar
passar a ideia de que está sintonizado com o “seu” presidente e que grandeza
ele reconhece ao Benfica! Parabéns ao Jesus por esta confissão tardia das suas
"capacidades"!
Quanto aos comentadores do Sporting, deixando de lado Rui
Santos, que não é audível por uma questão de higiene, e compreendendo a grande
dificuldade em que se movimenta o cómico triste José Pina, só resta a
desonestidade intelectual de Rogério Alves, apesar de muito primária.
Já no que toca ao Porto, a questão não é tanto como no
Sporting uma questão de sobrevivência, mas um problema de consolidação e
repartição da riqueza entre um pequeno número de privilegiados. Fazendo fé nas declarações dos portistas mais
informados, a guerra pelo dinheiro no interior da SAD portista foi arbitrada
por Pinto da Costa salomonicamente. Ou seja, dando aos diversos grupos
concorrentes e rivais igualdade de acesso ao dinheiro…que por aquelas bandas têm
corrido aos milhões.
A crise do Porto, equipe de futebol, é hoje o reflexo inquestionável
do fim de uma era e de uma luta pelo dinheiro numa entidade em crise mas com
uma altíssima facturação. Tal como se passa hoje em muitos Estados, também o
FCP passa por uma crise semelhante – uma crise que corrói o clube como somente
as crises que têm o seu epicentro no dinheiro são capazes de corroer.
A isto acresce o facto de o FCP nunca ter vivido em consonância
com a sociedade democrática. O 25 de Abril nunca passou pelo FCP. Primeiro, foi
afastado por uma ditadura férrea, que não permitia internamente a liberdade de
opinião, que controlava externamente a imprensa e as televisões e vivia em
coabitação promíscua com a arbitragem. Claro que nada disto chegava para
assegurar a hegemonia se simultaneamente não fosse alicerçada numa grande
equipa e em escolhas criteriosas pelo menos em cinquenta por cento dos casos.
Como estas ajudas hoje não existem e a equipa é fraca pelas
reprováveis razões acima apontadas, o Porto entrou numa crise de que não vai
sair tão cedo. Hoje, contrariamente ao que se passava ontem, a presença de
Pinto da Costa à frente do clube é um desejo ciosamente guardado por todos os
seus adversários.
Mas atenção, embora a crise do Porto tenda a agravar-se – e é isso que
certamente vai acontecer –, não é conjunturalmente do interesse do Benfica que o
Porto se continue a afastar do segundo lugar.
1 comentário:
Excelente análise. De acordo com tudo.
É particularmente importante que o Porto se mantenha na luta pelo 2º lugar.
Enviar um comentário