terça-feira, 10 de maio de 2016

BENFICA À CAMPEÃO




SPORTING PEQUENINO


Se necessário fosse, o jogo da Madeira contra o Marítimo teria servido para demonstrar que o Benfica tem fibra de campeão. Jogando em inferioridade numérica desde o 36.º minuto, por expulsão de Renato Sanches, o Benfica suplantou-se e apresentou um futebol mais atractivo e eficaz do que quando estava a jogar com onze. E demonstrou ainda, para quem tivesse dúvidas, que os jogadores que durante a época tão decisivos foram pelos inúmeros golos que marcaram, como Jonas, podem também ser brilhantes jogadores de meio campo, equilibrando a equipa e construindo a maior parte das jogadas decisivas do encontro. Foi isso o que ontem fez Jonas numa demonstração de classe invulgar. Jonas esqueceu-se que era o goleador máximo do futebol português, esqueceu-se que estava a lutar pela bota de oiro europeia, ombreando com Suarez, Ronaldo, Higuain, Lewandowski, Messi e Neymar para se tornar no grande patrão do meio capo do Benfica, fazendo juntamente com Fejsa, uma exibição digna de figurar na história do Benfica pelo seu simbolismo e importância. Jonas demonstrou com a sua atitude que o futebol é antes de mais e acima de tudo um desporto colectivo e quem não perceber isto não percebe nada.

Vencendo mais uma final, desta vez contra o Marítimo, o Benfica aproxima-se a passos largos do tricampeonato. Um Marítimo empenhado em tirar pontos ao Benfica, a ponto de o seu treinador – Nelo Vingada – ter considerado mais importante para o posicionamento da sua equipa “roubar” pontos ao Benfica do que tentar jogar de igual para igual contra um adversário da sua valia – o Estoril, contra o qual na semana passada se deu ao luxo de não utilizar seis jogadores normalmente titulares para os ter “fresquinhos” no jogo contra o Benfica e ter também a certeza de que os poderia utilizar por ausência de qualquer sanção disciplinar. De nada lhe valeu tanto empenhamento, tanta pertinácia competitiva. Perdeu 2-0 contra dez e até poderia ter perdido por muitos mais se não tivesse tido a sorte pelo seu lado.

Mas já que estamos a falar do “ardor competitivo” das equipas que neste fim de campeonato têm defrontado o Benfica, não pode deixar de registar-se, para que conste e faça parte da história, a agressividade com que o Vitória Sport Clube (Guimarães) se apresentou na Luz sob as ordens do treinador Sérgio Conceição. Este treinador que, tanto nesta profissão como na de jogador, regista um vergonhoso palmarés de indisciplina desportiva – insultos, agressões e tudo o mais que imaginar se possa – apresentou-se na Luz, desde os primeiros minutos de jogo, com uma agressividade que não poderia deixar de ser sancionada, como foi, pela equipa de arbitragem. Tendo estas sanções, aliás brandas, sido alvo de veemente contestação da sua parte nada mais natural que a sua expulsão – apenas mais uma a juntar às dez anteriores que já leva como treinador. Pois este facto banal, sofrido por treinador arruaceiro, que é useiro e vezeiro em comportamentos incorrectos, foi, pelos adversários do Benfica – Sporting, mas também Porto –, tido como mais um favor prestado à equipa da Luz. Chegou-se a um ponto em que a ausência de vergonha tudo justifica: até a defesa de um inveterado indisciplinado por factos praticados à frente de toda a gente! O certo é que, não obstante o grande estímulo que certamente constituiria tirar pontos ao Benfica, o Guimarães saiu derrotado e sem compensação para o dispêndio de tão grande esforço!

Estímulo que igualmente tinha estado patente no jogo contra o Setúbal, a ponto de um dos seus jogadores ter chorado copiosamente a derrota, que seguramente lhe causou uma tristeza muito difícil de suportar do que as inúmeras derrotas que a equipa tem tido nesta segunda volta e que comprometem a sua permanência na primeira liga. Estímulo que igualmente o Rio Ave tinha manifestado, não tanto pelo calor posto na luta, mas pela obsessão defensiva com que se apresentou a jogar contra o Benfica contrariamente ao que é o seu habitual padrão de jogo. Estímulo que, pelos vistos, também lhe faltou para lutar denodadamente por um lugar na Liga Europa contra as equipas que defrontou imediatamente antes e depois do jogo contra o Benfica.

O Sporting, pelo contrário, tem-se deparado com adversários “normais”, mesmo quando esses adversários são os mesmos que poucos dias antes haviam defrontado o Benfica, como foi o caso do Vitória de Setúbal. Foi um Setúbal mansinho, dócil e muito docinho o que no sábado passado se apresentou em Alvalade, apesar de o resultado desse jogo ser importantíssimo para a sua continuidade na divisão principal.

Pois bem, o Sporting ganhou facilmente e logo os “comunicadores” do Sporting se encarregaram de fazer soar as trombetas cantando o feito de uma super equipa. Uma equipa como não há, foi o que eles disseram.

Mas nem uma meia dúzia de horas haviam passado já o Sporting se tinha encarregado de, pelos seus próprios meios, voltar a evidenciar a sua enorme pequenez. Desta vez o motivo que ilustra quão pequenino e mesquinho o Sporting é, imagine-se! é o cartão amarelo mostrado a Adrien, que o impede, por acumulação, de jogar em Braga! Não se trata desta vez de contestar um pretenso off side, um fora de jogo mal tirado, uma expulsão. Não, nada disso. Trata-se desse facto transcendente capaz de desagregar a “super equipa”, de a deixar completamente à mercê do adversário, que é a amostragem de um cartão amarelo! Repito: é preciso ser muito pequenino para fazer deste facto um acontecimento capaz de alterar o rumo do campeonato. Desenganem-se: para quem vai à frente é absolutamente irrelevante o resultado do Sporting contra o Braga, como irrelevante é jogar o Sporting com Adrien ou sem Adrien!

Mas Jesus foi mais longe. Jesus, destroçado pelas sucessivas derrotas que durante a época foi acumulando, chegou ao ponto de afirmar no seu jeito rufia que tirou o Slimani do jogo, porque “Já anda nisto há muito tempo” e sabia muito bem que o árbitro também o queria pôr fora no próximo jogo! A gravidade da afirmação é evidente. Menos evidente – muito menos – é saber qual a sua consequência junto dos órgãos de disciplina do futebol português.

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