terça-feira, 26 de junho de 2018

A SELECÇÃO PORTUGUESA NO MUNDIAL DA RÚSSIA




AS EQUIPAS DE FERNANDO SANTOS
Diapositivo 1 de 58: Irão-Portugal

A selecção portuguesa é uma equipa à imagem de Fernando Santos. E Fernando Santos tem a seu favor o Europeu ganho em 2016, em França. Serão estes créditos suficientes para se acreditar numa boa prestação da selecção portuguesa neste Mundial? O que é uma boa prestação? Uma boa prestação é alcançar as meias finais. Tudo o que for além disso será excelente ou mesmo extraordinário. E poder-se-á contar com essa prestação da equipa portuguesa?

Essa a questão que convém analisar de várias perspectivas. Em primeiro lugar, a selecção portuguesa é uma equipa à imagem de Fernando Santos. Ou seja, uma equipa que arrisca pouco, que tem a pretensão de defender bem quando não tem a bola e de atacar com cautela quando a tem em seu poder. É uma equipa preparada para não perder, sendo a vitória o mais das vezes uma simples consequência dessa sua obstinação em não perder.

Numa competição em que todos jogassem contra todos, como acontece nas ligas internas, as equipas de Fernando Santos nunca estariam destinadas a grandes êxitos e menos ainda a deslumbrantes exibições. Foi assim no Porto, onde esteve três anos, foi assim no Benfica e também no Sporting. Todavia, numa competição curta, com pontos em grupos e a eliminar, as equipas de Fernando Santos serão sempre equipas a ter em conta, tanto mais quanto maior for a categoria dos jogadores que as servem e a sua adaptabilidade ao rigor táctico-estratégico imposto pelo seleccionador. Uma equipa que seja rigorosa, que jogue para não perder e que venha a ter como consequênci9a deste seu rigor a vitória, acaba sempre por ser uma equipa difícil para qualquer adversário. E é também uma equipa que, contrariamente ao que se ouve dizer, para chegar longe tem de jogar bem, embora possa jogar feio. De facto, jogar feio ou não jogar bonito e ganhar, não é jogar mal, é jogar bem. A Itália jogou feio em muitos mundiais e ganhou alguns exactamente porque jogava bem.

Ora acontece que a selecção que está na Rússia não tem jogado bem, apesar de ter jogado quase sempre feio, contrariamente ao que se passou na maioria dos jogos em França, durante o Euro 2016. E as razões são fáceis de enumerar, sendo algumas delas da responsabilidade do seleccionador. Em primeiro lugar, o seleccionador deu preferência na convocatória a jogadores que tinham jogado pouco durante a época (Raphael Guerreiro e Adrien Silva) e também a jogadores que tinham ficado muito aquém das expectativas (André Silva e João Mário), tendo deixado de fora jogadores como João Cancelo ou Nelson Semedo, Ronny Lopes, Ruben Neves ou mesmo André Gomes.

Além deste erro de base, irremediável, a partir do momento em que a convocatória se tornou irreversível, faltam à equipa portuguesa dois jogadores que em 2016 foram fundamentais: Danilo e Renato Sanches. Danilo estava lesionado e Renato, além de lesionado, estava numa crise de forma de longa duração, o que tornava muito problemática a sua convocatória. A verdade é que nenhum deles foi convenientemente substituído: William não faz, nem de perto nem de longe, o lugar de Danilo, e também não existe no meio-campo português ninguém (Manuel Fernandes?) com a capacidade de rompimento das hostes adversárias exibida por Renato Sanches na época 2015-2016.

Assim sendo, o meio-campo português é o maior problema da equipa e se  a isto, que não é pouco, juntarmos o facto de Guerreiro estar sem ritmo, de Ronaldo ter mais dois anos em cima, de Moutinho não ser agora como já não foi em 2016 o homem que a selecção precisa no meio campo, de Bruno Fernandes ainda não ter exibido na selecção sequer 50% do que fez no Sporting e de Bernardo Silva não ser manifestamente um jogador para integrar uma equipa que anda a maior parte do tempo à procura da bola, teremos ai as razões que não só explicam as fracas exibições da selecção portuguesa, como também as que não permitem acalentar grandes esperanças quanto ao seu futuro. 
A ver vamos...

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