UMA VITÓRIA EXPRESSIVA E INDISCUTÍVEL
O Benfica arrasou ontem o Vitória de Setúbal no Bonfim por
cinco a zero. O Vitória começou agressivo, a raiar a violência, com a nítida
intenção de intimidar os jogadores do Benfica. Até ao segundo golo do Benfica
todas as bolas divididas bem como as jogadas perdidas eram seguidas de faltas.
Se passava o jogador não passava a bola. Numa competição internacional uma equipa
que entrasse a jogar como ontem fez o Setúbal rapidamente ficaria reduzida a
dez unidades e depois a nove até “acalmar”. Sabe-se por experiência que esta
forma de jogar conta em Portugal com a complacência dos árbitros. E sabe-se
também que as equipas de José Mota usam e abusam deste expediente.
Ontem, Jorge de Sousa fugiu à regra. Para evitar dúvidas
puniu como devia uma entrada violente de Amoreirinha logo no início do jogo. Os
portugueses não estão habituados a isto. “Se fosse aos 70 minutos ainda
se compreenderia, dizem, mas aos 7 é inadmissível”. Inadmissível é que se digam
coisas destas. Amoreirinha foi muito bem expulso. Mal teria andado o árbitro se
o não fizesse.
Não há qualquer semelhança entre a jogada violenta sobre
Melgarejo e o cartão amarelo a Luisão. A falta de Luisão é uma falta vulgar.
Uma falta que noutras condições – isto é, se não houvesse um jogador expulso da
equipa adversária – nem amarelo teria tido.
É igualmente inamissível que se conteste o primeiro golo do
Benfica com base num pretenso fora de jogo de Melgarejo. O paraguaio está em
linha com o penúltimo defesa setubalense. E mesmo que estivesse à sua frente
cinco ou dez centímetros, a jogada continuaria ser “legal”, já que a FIFA
ordena que, em caso de dúvida, se interprete a norma no sentido mais favorável
a quem ataca.
Portanto, e para finalizar esta parte, o Setúbal, ou melhor,
José Mota, só tem de se queixar de si próprio e do modo como concebeu a
recepção ao Benfica. O mesmo se diga do presidente vitoriano a quem claramente
faltam créditos para se pronunciar sobre o Benfica. O seu anti-benfiquismo
primário retira-lhe qualquer legitimidade.
A expressiva vitória benfiquista não é, porém, concludente
sobre a verdadeira valia da equipa. Certamente que Sávio é um fantástico
jogador – rende muito mais no Benfica do que no Atlético de Madrid -, que
Rodrigo promete fazer uma grande época, que Enzo Pres parece finalmente integrado
e que a maior parte dos restantes, dos que já deram provas, parece estar à
altura das circunstâncias. É verdade
tudo isso, mas também é verdade que o Benfica pode nos quatro dias que faltam
para acabar o mês ficar muito desequilibrado se certos jogadores saírem.
Fala-se
da saída de Javi para o M. City, de Witsel, de Garay, além de Cardozo e de
Gaitan. Javi e Witsel não podem sair ambos, seria o descalabro do meio campo
defensivo. A ausência de Javi seria porventura mais difícil de colmatar que a
de Witsel. O Benfica ficaria muito desequilibrado com a sua saída. E de Garay
nem se fala. Sem Garay na defesa o Benfica não teria qualquer hipótese de
competir sequer a nível interno, quanto mais internacionalmente. Tanto mais que
Luisão, além de muito provavelmente vir a ser castigado, está na curva
descendente da sua carreira. Uma curva que será muito acentuada como no
decorrer da época se verá…
Quanto ao grande motivo de polémica da jornada passada –
Melgarejo – o jogo de ontem não trouxe nada de muito novo. É certo que Melgarejo
está na origem da expulsão de Amoreirinha e do primeiro golo do Benfica. São
aspectos positivos, mas que não devem ser exageradamente encarecidos. O
adversário era fraco e o problema de Melgarejo a defesa esquerdo só se
evidencia, como é óbvio, com equipas fortes. Portanto, o jogo de ontem não deu
para tirar dúvidas. Mas dúvidas parece também não haver quanto à titularidade
de Melgarejo. É um excelente jogador sem rival, neste momento, na ala esquerda dianteira
do Benfica. Por outras palavras, a venda, a bom preço, de Gaitan seria um bom
negócio sem qualquer consequência no plano desportivo. Mas vai ser difícil
vender Gaitan a bom preço. Ele não tem “ajudado” nada…
O Braga ganhou sem dificuldade com uma espécie de equipa B ao
Beira-Mar, por 3-1 e Porto derrotou sem apelo o Vitória de Guimarães por 4-0.
Ou seja, tudo se inquilina para que o campeonato venha a ser um campeonato a
três, a menos que o Sporting resolva intrometer-se. A ver vamos…
Sem comentários:
Enviar um comentário