A LIGA PORTUGUESA
Depois do Euro 2012, do Tour de França – o maior espectáculo desportivo
do mundo -, dos Jogos Olímpicos - onde, diga-se o que se disser, sempre se joga
o prestígio desportivo dos Estados - e dos jogos de preparação, estão à porta as
grandes competições futebolísticas da Europa.
Na Espanha alarga-se o fosso entre o duo Real Madrid,
Barcelona e os demais. Um fosso que a iníqua e inaceitável distribuição das
receitas da TV agrava todos os anos. De facto, o campeonato espanhol é, na perspectiva
dos candidatos ao título, um dos menos competitivos de toda a Europa. A
competição resume-se ao confronto Barça-Real, sendo cada vez maior a distância
que os separa dos restantes. Basta dizer
que a diferença pontual entre o vencedor da época passada, Real Madrid, e o
terceiro classificado, Valência, é bem maior que a diferença que separa o
Valência do último classificado! Um campeonato em que o primeiro classificado
faz mais de cem pontos e marca mais de cem golos é necessariamente um
campeonato pouco interessante.
Um campeonato bem diferente do italiano, do Inglês, do alemão
e do francês, onde, apesar de haver em alguns deles um conjunto de equipas que
frequentemente repetem a vitória, nem por isso deixa de haver competição tanto
por sempre poder surgir como vencedora uma equipa que não se esperaria pudesse
alcançar o título (Alemanha e França), como por as vitórias ao longo destes
últimos dez anos terem sido repartidas entre várias equipas e não apenas entre
duas (Itália e Inglaterra).
Em Portugal, o futebol estás confinado a uma indústria
dominada pela Olivedesportos. Soube-se agora que são eles que abastecem a
Federação de automóveis e já há muito se sabe que são eles também que mandam na
Federação e que condicionam seriamente a vida dos clubes. Porto e Benfica têm
repartido os triunfos nos últimos tempos, com larga vantagem para o FCP. Nos últimos anos o Braga logrou juntar-se aos
dois primeiros sem nunca verdadeiramente ameaçar a sua hegemonia, enquanto o
Sporting se tem arrastado penosamente atrás do Porto, Benfica e Braga sempre
na ilusão, cada dia mais irrealizável, de poder chegar ao título.
Na época que ontem se iniciou com a vitória tangencial (2-1)
do Olhanense sobre o Estoril, o Benfica e o Porto reforçaram-se moderadamente
(e ainda não perderam nenhum dos jogadores da época passada), o Sporting
conseguiu créditos onde não se esperava pudesse encontrá-los e inicia, por isso,
o campeonato cheio de renovadas ilusões, enquanto o Braga parece manter o equilíbrio das últimas
épocas.
O Benfica parte para o campeonato com reforços em excesso nas
alas dianteiras e no meio campo e com fragilidades nas laterais defensivas e no
centro da defesa. Além disso, que já não era pouco, entra no campeonato marcado
pelo triste “episódio Luisão”, que, bem vistas as coisas, apenas evidencia
aquilo que na época passada fomos aqui dizendo do central benfiquista:
deficiente condição física, excessiva lentidão e exagerada utilização do físico
em substituição dos recursos verdadeiramente futebolísticos. Com a sua
inaceitável conduta, Luisão causou ao Benfica um grave dano patrimonial e
moral, agravado pelas manifestações de solidariedade que alguns responsáveis benfiquistas
exageradamente protagonizaram. De facto, a conduta de Luisão é altamente reprovável,
mesmo que o efeito por ela produzido tenha sido manifestamente
desproporcionado. Mas é um gesto, um lamentável e reprovável gesto, que vai
marcar por muitos e muitos anos o Benfica. E tanto mais quanto mais for
defendido e justificado o comportamento de Luisão. Luisão deve ser punido, com
justiça, pelas autoridades disciplinares portuguesas e também pelo Benfica, principalmente
pecuniariamente.
O jogo de logo à noite, contra o Braga, acaba, por causa de tudo
isto, de ser muito mais que um simples jogo de início do campeonato. Nele
se avaliará do equilíbrio emocional da equipa e da sua capacidade para resistir
ao “episódio Luisão” que vai inevitavelmente marcar o comentário desportivo
deste campeonato…
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