quinta-feira, 10 de março de 2016

BENFICA NOS QUARTOS DE FINAL DA LIGA DOS CAMPEÕES




GRANDE VITÓRIA EM S. PETERSBURGO


Depois da vitória em Alvalade, o Benfica eliminou o Zénite em S. Petersburgo, vencendo por 2-1, o que juntamente com o resultado da primeira eliminatória perfaz o resultado agregado de 3-1. Brilhante! O Benfica está nos quartos-de-final da Champions, fase a que neste século somente por duas vezes havia chegado.

Depois de tudo o que já foi dito sobre esta vitória, talvez valha a pena começar pelos temas laterais, que apesar de laterais não deixam de exprimir o modo como o futebol se vê em Portugal.

Para começar, na conferência de imprensa houve um jornalista português, a quem certamente alguém pagou a longa viagem até à antiga capital da Rússia, que perguntou a Rui Vitória o que tinha ele a dizer aos adeptos que, muito realisticamente, achavam não ter o Benfica equipa para passar dos quartos de final. Esta foi a pergunta que ele tinha para fazer depois da vitória sobre o Zénite! Que imprensa é esta? Rui Vitória respondeu-lhe à letra.

Mas há mais. Na RTP 3 estão Ricardo Rocha, antigo defesa central do Benfica, Bruno Pratas, Fidalgo e o pivot, Manuel Fernandes da Silva, a comentar o jogo. Ao fim de pouco tempo toda a conversa se centra sobre o próximo adversário do Benfica. Com excepção de Ricardo, sobre o jogo acabado de jogar não há grande interesse em falar. Importante é falar sobre um adversário que ninguém sabe quem será e que somente daqui a cerca de dez dias será sorteado. Mais uma vez, com excepção de Ricardo, que acha que até lá há coisas mais importantes para o Benfica, a tónica dos outros dois comentadores é a de que os quartos de final vão ser muito difíceis, que há equipas muito fortes, dando a entender que o Benfica terá poucas possibilidades. Um pouco misericordiosamente, Fidalgo acha que importante é não sair ao Benfica o Borússia Dortmund, equipa muito difícil, diz. Corrige o pivot: “O Borússia está na Liga Europa”. “Peço desculpa”, diz Fidalgo e logo vem em seu auxílio o Bruno Pratas: “São as confusões resultantes de na Liga Europa haver grandes equipas” (percebe-se o que ele quer dizer, não percebe?). E Fidalgo acrescenta: “O Liverpool também não convinha nada”. Insiste o pivot: “O Liverpool também não está na Champions”. É a vez de Bruno Prata.: “Também não seria mau se lhe calhasse o Manchester United”. O pivot já não sabe o que há-de fazer: “Não é o United, é o City que está na Champions”. Prata não se dá por vencido e conclui: “Se fosse apurado, o Wolfsburg também não seria mau”. “O Wolfsburg já foi apurado ontem”, remata o pivot. Enfim, jornalistas desportivos a falar sobre assuntos que não interessam ao seu clube…

Mais ainda: também a despropósito, um jornalista português pergunta no fim do jogo a Villas-Boas o que espera ele do Benfica na Champions. Villas-Boas, despindo o fato de treino do Zénite e vestindo o da claque dos Superdragões, diz-lhe que o percurso do Benfica na Champions não lhe interessa nada. E depois acrescenta: “Desculpe a franqueza. O que o Benfica fará ou não fará na Champions não me interessa. Eu sei que é uma equipa portuguesa, mas eu sou portista”. Se é certo que a pergunta não faz nenhum sentido, também não é menos verdade que Villas-Boas poderia iludir a resposta com mais elegância. O que não se compreende é que um profissional de futebol, ao serviço de um emblema, se manifeste como um vulgar adepto de claque por um outro clube. É uma falta de profissionalismo reprovável.

Quanto ao jogo de hoje à tarde e à respectiva eliminatória, a nossa apreciação é muito simples: no cômputo dos dois jogos o Benfica foi superior e mais eficaz. Há qualquer coisa nesta equipa do Benfica que faz com que ela seja algo mais do que uma equipa de grandes profissionais. Parece que há uma necessidade colectiva, individualmente expressa por cada um dos jogadores, de demonstrar que eles é que são os artistas da bola. E que se é importante o papel do treinador, da organização, sem eles nada se conseguiria.

Quanto ao jogo de hoje, propriamente dito, o Benfica jogou sempre de igual para igual. As oportunidades repartiram-se por ambas as equipas, apesar de durante todo o jogo o Benfica ter demonstrado sempre melhor organização (e mais vontade) do que o Zénite… O Benfica apenas se desequilibrou no lance do primeiro golo, muito em consequência do choque que deitou por terra Nelson Semedo e logo a seguir na jogada de Dzyuba, em que os jogadores do Benfica manifestamente preocupados em não cometer falta para penalty o deixaram ir até à baliza, tendo valido a grande defesa de Ederson. Fora estas duas situações, o Zénite não dispôs de nenhuma outra em jogada corrida.

O Benfica, pelo seu lado, além dos golos, teve um grande remate de Renato na primeira parte, a centímetros do poste, um outro de Jonas na segunda parte, que, isolado, perdeu no confronto com Lodigin e uma excelente cabeçada de Lindlöf a que Lodigin correspondeu com mais uma excelente defesa.

A grande vitória obtida no Estádio Petrovsky é fundamentalmente uma vitória da equipa. Da solidariedade, do colectivismo, da entreajuda, enfim, do “espírito Rui Vitória”. Todavia, mesma na vitória mais colectiva, há sempre quem se destaque. Em primeiro lugar, o guarda-redes – Ederson – um jovem com grande futuro. Chamado a substituir Júlio César, Ederson é já hoje um guarda-redes de primeiro plano: arrojado e eficaz nas saídas, sólido entre os postes, seguro nos cruzamentos e portentoso a jogar com os pés. Depois Samaris, que substituiu Jardel no centro da defesa. Ninguém diria, depois do jogo de hoje, que aquele não era o seu lugar de sempre. Jogador muito inteligente, com grande cultura táctica, desempenha com brilhantismo qualquer lugar no centro do terreno. Renato, uma fera. Ai, que será do Renato no dia em que não errar nenhum passe. Seguramente um dos portentos do futebol mundial. Fejsa, notável a defender, depois de longa paragem. Jonas, excelente a distribuir jogo, a pautar o jogo da equipa, daí que nos jogos em que tem de desempenhar estas funções não marque golos ou marque menos, mas nem por isso a sua exibição é menos brilhante. A seguir Gaitan, que marcou um golo importantíssimo, pleno de oportunidade, embora achemos que ele sempre pode fazer mais como acontece nos dias em que tem a genialidade à solta. Mitroglou, que igualmente esteve em bom plano dentro dos condicionalismos impostos pela natureza do próprio jogo, foi substituído por Jiménez cuja acção acabou por ser determinante para o apuramento do Benfica dentro do tempo regulamentar. Um grande remate e muita mobilidade. Finalmente, Eliseu que cresce nos jogos importantes, fez uma exibição muito segura e personalizada. Nelson Semedo, bom a atacar, deixa muito espaço nas suas costas quando as coisas lhe não correm bem lá na frente. Em jogos como o de hoje André Almeida é mais seguro. Pizzi está em abaixamento de forma desde há alguns jogos. Ele que foi tão importante na recuperação do Benfica, fazendo vários jogos de grande nível, tem decaído um pouco nos últimos tempos. Salvio que entrou para o substituir, ainda não está com o ritmo necessário. Talvez tenha sido um erro pôr Salvio a jogar nos jogos mais importantes. Depois de uma lesão tão longa e tão grave, justificava-se que entrasse de preferência na Luz em jogos de menos responsabilidade ou quando o resultado já estivesse feito. Tanto mais que Carcela estava a jogar muito bem durante a ausência de Gaitan. Por último, uma palavra para o fantástico Talisca que entrou a dois minutos do fim do jogo e fez história. Um grande golo. O golo da vitória.

A idade traz experiência e saber acumulado, mas a juventude encerra potencialidades que ninguém pode desprezar. Ederson, Lindelöf e Renato Sanches são estrelas que nenhum treinador pode dispensar!




3 comentários:

RedAtheist disse...

O Ruiz ainda deve estar a pensar como e que o Nico marcou aquele golo.

Ricardo Viana de Lima disse...

Boa, muito boa!

FranciscoB disse...

Mais 1 excelente Post.

O face rat boas, q apenas teve êxito no futebol corruptos do porto, e graças a várias arbitragens escandalosas no inicio da época q afastaram o Benfica da disputa do título, mostrou em poucas palavras toda a sua pequenez e o motivo pelo qual merece o sucesso q não tem tido...