GRANDE JOGO DO BENFICA
EM MUNIQUE
No intervalo da final da Taça dos Campeões Europeus de 1962,
em Amesterdão, os jogadores mais experientes do Benfica disseram no intervalo
aos mais jovens: “Vamos ganhar a final. Temos mais força do que eles!”.
Não foi uma profecia, foi uma previsão feita com base na
prestação da equipa do Real Madrid na primeira parte, da qual, aliás, saiu a
ganhar por 3 a 2.
Visto pela segunda vez o jogo de hoje, em Munique, também não
será difícil prever a vitória do Benfica em Lisboa na partida da segunda mão.
Fica claro para qualquer observador atento que o Benfica
terminou a partida com mais força que o Bayern de Munique, com uma capacidade
de pressão nos últimos minutos do jogo nas zonas mais adiantadas do campo como
raramente se vê nos primeiros minutos de qualquer desafio.
No fim do jogo era também óbvia a expressão de desalento dos
jogadores do Bayern. Verdadeiramente, não estavam a contar com este Benfica.
Pode ser que essa não fosse a posição de Guardiola, mas se efectivamente ele
esperava o Benfica que as suas palavras deixavam antever, o menos que se poderá
dizer é que esse não era o estado de espírito dos seus jogadores.
Se o Benfica tivesse marcado um golo, quer empatando quer
perdendo pela menor diferença, poderia dizer-se que a eliminatória estava perfeitamente
ao alcance do Benfica. Com a derrota de 1-0 e a regra sobre a contabilização
dos golos marcados fora, fica muito mais difícil vencer a eliminatória. De
facto, embora seja nossa profunda convicção a vitória do Benfica no jogo de
Lisboa, temos de reconhecer que essa vitória pode não chegar pra assegurar a passagem
à eliminatória seguinte.
Hoje, de acordo com as regras em vigor e a facilidade com que
os jogadores e as grandes equipas jogam em qualquer campo, pode até dizer-se
que uma derrota fora por 1-0 é um resultado mais negativo do que uma derrota em
casa pelo mesmo resultado. Facto que ilustra na perfeição o anacronismo que representa
manter na actualidade o diferente peso atribuído aos golos, consoante sejam
marcados em casa ou fora.
Passando ao jogo desta noite, tem de dizer-se que o Bayern
soube aproveitar quase a cem por cento as oportunidades de que dispôs. De facto,
além do golo, apenas ficou por concretizar, quase no fim do jogo, a jogada em
que Lewandowski surgiu isolado frente a Ederson e, em vez de rematar, resolveu
passar defeituosamente a bola a um colega (Lahm). Não devem considerar-se
oportunidades de golo, as grandes defesas dos guarda-redes já que é para
defender bolas que eles lá estão.
Pelo contrário, o Benfica bem poderia ter marcado, no mínimo
um golo, nas várias oportunidades que construiu. Infelizmente, não conseguiu
fazê-lo, apesar da boa exibição realizada.
Dificilmente se vê uma equipa tão organizada, com um rigor
táctico tão exemplar como aquele que o Benfica exibiu em Munique esta noite. E
se esse é o maior elogio que se pode fazer a Rui Vitória no confronto com o
poderosíssimo Bayern de Munique, ele estende-se também aos jogadores que
souberam pôr em prática as melhores ideias para travar o milionário colosso da
Baviera.
Mas o jogo desta noite, tal como o do Atlético de Madrid em
Barcelona, também serviu para demonstrar quão erradas e elitistas são as
palavras de Rummenigge, essa espécie de Angela Merkel do futebol, que pretende acabar
com as competições europeias em que participam clubes de todos os países para
as transformar numa competição restrita a certas equipas, destinada a gerar
grandes lucros e a cavar um fosso cada vez mais profundo entre meia dúzia de
clubes e todos os restantes.
Dos jogadores que esta noite pisaram a relva da Allianz Arena
não será justo fazer apreciações individuais tal o altíssimo nível a que todos
se exibiram. Não obstante, merece uma referência especial Renato Sanches, não
apenas pela sua extraordinária exibição, das melhores ao serviço do Benfica,
mas pela miserável campanha que uma certa escumalha com voz nas televisões e na
radio tem feito desde que esta grande estrela do futebol português despontou no
Benfica.
1 comentário:
Quem disse a frase foi Bela Guttmann.
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