EMPATE EM COIMBRA
Antes de mais é importante que se diga que é objectivamente positivo que um árbitro, no campeonato português, tenha a coragem de marcar no mesmo jogo dois penalties contra um “grande”, desde que, obviamente, haja razões para crer que as faltas que os determinam existiram mesmo.
Puxando o filme atrás. O ano passado o Sporting fez uma barulheira incrível por Bruno Paixão lhe ter assinalado dois penalties seguidos no jogo contra o Rio Ave. Teria sido ridículo se subjacente àquela falsa indignação não estivesse presente a ideia de que nenhum árbitro em Portugal tem o direito de fazer isso ao Sporting. Os penalties, como todos se recordarão, foram bem assinalados, embora relativamente ao primeiro, depois de muitas visualizações, se pudesse suscitar a dúvida se a falta foi cometida dentro ou fora da área.
Ontem aconteceu algo de sensivelmente idêntico. O Benfica também não aceitou os penalties de Carlos Xistra marcados contra si, mas já considera indiscutível (e foi) o que puniu a Académica, bem como a sanção aplicada ao jogador infractor (aceitável, mas discutível).
No jogo de ontem é até possível que nenhuma das duas faltas assinaladas contra o Benfica causadoras de duas grandes penalidades fosse merecedora daquele castigo máximo. É possível, mas não é óbvio. No lance que originou a primeira grande penalidade Maxi Pereira comete indiscutivelmente falta sobre o avançado da Académica. É um lance muito rápido que se desenrola quase sobre o risco da área. Com a imagem parada percebe-se que a falta se inicia fora da área, mas a dúvida é legítima. No segundo lance, Garay corta a bola legalmente, mas depois propositadamente ou não impede a passagem do avançado da Académica que tenta furar por onde manifestamente não cabia. Este parece um lance que suscita menos dúvidas que o anterior, mas vendo-o à velocidade normal é legítima a dúvida sobre a sua legalidade. Portanto, tem de se aceitar a decisão do árbitro, se a interpretação que ele fez do lance o leva a concluir pela existência da falta máxima.
A polémica à volta destes penalties surge, diga-se o que se disser, não por eles terem sido marcados nas condições que o foram, mas por haver na maior parte das pessoas a convicção segura de que em caso algum idêntica ou semelhante situação teria o mesmo desfecho contra o F. C. do Porto. Esse é que é o problema. E é um problema grave. É capaz, um árbitro português, num jogo de campeonato, de marcar contra o FCP dois penalties nas mesmas condições em que ocorreram os de Coimbra ou nas condições em que ocorreram os de Vila do Conde no jogo do Sporting? Mais de oitenta por cento dos inquiridos diria não sem hesitar! E enquanto esta situação existir – e ela existe – o futebol português continuará inquinado de suspeição. Com a agravante de nunca se provar nada, mesmo quando se “ouvem” os prevaricadores a cometerem o delito!
No que toca ao jogo de Coimbra, o Benfica tem de se queixar de si próprio. É inadmissível falhar situações de golo feito como as que o Benfica falhou na primeira parte. É também claro que o Benfica está mais fraco. Mais fraco e mais inseguro, depois das transferências (inevitáveis) do mercado de Verão. Dois empates em quatro jogos não auguram nada de bom…
O jogo terminou com o empate a duas bolas, as da Académica na conversão de duas grandes penalidades, como já se deixou dito, e as do Benfica na conversão de um penalty por Cardozo, depois de mão na bola de Galo, e o segundo golo a quatro minutos do fim num "tiro" de fora da área de Lima, que se estreou (oficialmente) a jogar e a marcar.
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