TÃO DEPRIMIDO NAS
SENSAÇÕES!
É óbvio que Cristiano Ronaldo não faz a menor ideia de quem é “Álvaro de Campos”. Nem como profissional de futebol, que veio para Lisboa
com onze anos de idade para “aprender” na escola do Sporting, tinha que o
saber.
Mas como craque de futebol universalmente conhecido, que ganha
e gasta rios de dinheiro, poderia ter reservado uma pequenina parcela para a
aprendizagem de boas maneiras desportivas e sociais em geral. Coisas como, por
exemplo: saber como dirigir-se a pessoas que exercem funções representativas de
relevo por decisão democrática da comunidade; referir-se publicamente a
colegas de profissão, sejam seus companheiros de equipa ou não; felicitar,
ou simplesmente cumprimentar, os adversários a quem por mérito próprio – e também
por decisão democrática, posto que restrita – foram atribuídos prémios
desportivos; enfim, comemorar com os colegas de equipa os feitos por estes
cometidos na equipa a que pertence e não apresentar-se publicamente como o
centro do mundo, um ególatra, possuído de um egoísmo desmedido e de uma
auto-idolatria desportivamente estúpida.
É óbvio que quem assim se comporta perante colegas com
personalidade não pode esperar deles amizade nem admiração pessoal. Podem reconhecer-lhe
os méritos técnicos e as suas capacidades desportivas, mas detestam-no
pessoalmente. E isso é absolutamente normal. Como também é absolutamente normal
no futebol o contrário. Ou seja, um indivíduo sem grandes qualidades humanas
fora do campo ter no relvado e nas atitudes associadas ao fenómeno desportivo
um comportamento exemplarmente solidário e altruísta. Podem os colegas não
conviver com ele fora do fenómeno do futebol mas no campo, e em tudo o que a ele estiver
ligado, ele poderá sempre contar com a solidariedade e com o apoio sem reticências
de todos os colegas.
Portanto, é perfeitamente natural que o comportamento de Ronaldo não gere na equipa em que está integrado relações de solidariedade, assim como também é perfeitamente natural que os espanhóis do Real
Madrid tenham uma relação de sadia camaradagem e até de profunda amizade com os
espanhóis do Barcelona forjada em anos e anos de camaradagem nas selecções de
Espanha. Mourinho quis fazer de cada adversário forte um inimigo perigoso a
abater; Ronaldo quer que os colegas de equipa, nomeadamente - mas não só - os espanhóis do Real Madrid, não tenham hesitações na escolha entre ele e os seus
"inimigos pessoais" como melhor jogador do mundo, da Europa ou seja lá do que for. "Inimigos" cujo crime consiste em repartirem com ele o
talento para jogar futebol.
Em conclusão, Ronaldo socialmente falando não é exemplo para ninguém
no plano desportivo. Não se trata de ser mau profissional no apuramento das
suas qualidades exclusivamente futebolísticas. Nada disso. Trata-se do seu relacionamento
com as pessoas, desde logo com os colegas de profissão, como desportista.
Provavelmente na sua ignorância sociológica Ronaldo apreciará instintivamente os
servos, mas rejeitará os pares. E quem não aceita os pares não pode esperar
deles reconhecimento.
É apenas isto o que se passa com Ronaldo e nada mais. Explicações
baseadas na xenofobia, no anti portuguesismo e outras tonteiras do género não
fazem neste caso o menor sentido nem têm qualquer capacidade explicativa. O problema não tem nada a ver com a nacionalidade, mas apenas e só com a personalidade...
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