O BENFICA NA FRENTE DO
CAMPEONATO
No jogo disputado entre o Sporting e o Benfica nas últimas
duas horas de sábado, o Benfica ganhou 1-0, golo de Mitroglou, e ficou à frente do
campeonato. Por outras palavras, até ontem, sexta-feira, o Benfica tinha perdido
os jogos disputados esta época contra o Sporting e contra o Porto, mas ganhou hoje
aquele que mais importava – o jogo que o colocou o Benfica na frente da classificação com dois pontos de avanço sobre o Sporting!
Três notas prévias, a qualquer apreciação, impõem-se:
A primeira, a grande desilusão da clique dirigente
sportinguista e seus acólitos que estavam plenamente convencidos desde algumas
jornadas que o campeonato já estava ganho; não está; e o Sporting está mais
perto de o perder do que o Benfica ou o Porto.
A segunda, a grande “cachola” de Jorge Jesus que, além de não
ter percebido o jogo, continua sem perceber por que lhe acontece “isto” tantas
vezes.
A terceira, a grande classe de Rui Vitória tanto no flash interview como na conferência de imprensa: a elegância,
a moderação, a única resposta que se impõe á bazófia balofa e à falta de
educação.
Quanto ao jogo, qualquer observador imparcial percebe que o
Benfica entrou no jogo para vencer. O seu objectivo era claramente pôr-se à
frente do marcador, instabilizar o Sporting, dilatar o resultado se possível,
ou, não o sendo, aguentá-lo, empatando o jogo na pior das hipóteses. Esse
objectivo foi alcançado com sucesso, sem necessidade de ter de recorrer ao
plano B.
Na primeira parte, o Benfica marcou o golo na sequência de
uma brilhante jogada de Jonas e dominou claramente o jogo até à meia hora,
altura em que o Sporting reagiu. Em consequência de uma atabalhoada saída da
defesa do Benfica para o “off side”, Bruno César isolou-se na ala direita do
Sporting e centrou, tendo a bola ressaltado para a entrada da área onde estava Jefferson que rematou com
força à barra. E por aqui se ficou o jogo do Sporting na primeira parte.
Na segunda parte, o Benfica entrou manifestamente a jogar na
contenção com indicação para jogar no contra-ataque, explorando o claro
adiantamento da equipa do Sporting. Esta estratégia, que no decurso do jogo
pareceu ter sido adoptada cedo demais, foi bem sucedida do ponto de vista do
resultado final, mas não foi conseguida do ponto de vista da exploração do
contra-ataque. Não obstante as muitas bolas recuperadas pelo Benfica, houve
sucessivas perdas de bola no último passe ou no passe decisivo. O que mesmo assim não impediu que, por duas vezes, o Benfica tenha conseguido criar perigo, uma por Renato,
que rematou cruzado junto ao poste direito de Rui Patrício, outra por Gaitan,
que rematou sobre a linha da área por cima da barra.
Durante todo esse tempo o Sporting teve o aparente domínio do
jogo, mas sem consequências ou sem sequer ter criado uma pressão contínua
difícil de suportar. Com efeito, com excepção da gritante perdida de Bryan
Ruiz sobre a linha de golo, o Sporting fez um remate perigoso ao lado por João Mário
e tentou por Gutiérrez fazer um chapéu ao guarda-redes do Benfica, que este
desfez com uma palmada para canto. São estas as oportunidades do Sporting. Ou melhor,
foi a perdida de Ruiz a única oportunidade de golo do Sporting. As outras são
tão oportunidades de golo quanto as de Renato e de Gaitan. Em conclusão: nada
que se compare às perdidas do Benfica contra o Porto, no jogo da Luz.
Foi uma estratégia que resultou, mas que se poderia ter
revelado perigosa, se o Sporting tivesse cedo marcado um golo. O Benfica poucas
vezes joga assim e em princípio não deve fazê-lo numa competição por pontos.
Diferente é fazê-lo no segundo jogo de uma competição a eliminar.
Jorge Jesus, além de ter sido deselegante, como é seu timbre,
não apenas por falta de educação, mas também por egolatria, não consegue
compreender o que se passou, como nunca compreende, sempre que aquilo que, na
sua cabeça, tinha como relativamente simples se complica. Viu-se esse filme várias
vezes nos seis anos em que esteve no Benfica. Jorge Jesus não percebe ou não quer
perceber que o Benfica só jogou como jogou na segunda parte, porque estava a ganhar.
Se não estivesse ou se estivesse empatado a sua atitude teria sido completamente
diferente. Aliás, Jorge Jesus também não percebeu por que razão o Sporting na primeira parte correu mais cerca de cinco quilómetros que o Benfica...sem qualquer consequência prática.
A estratégia do Benfica passava por não perder em Alvalade,
convencido como está de que se não perdesse teria todas as hipóteses de ser
campeão, por ter como certo que nos jogos que faltam o Sporting perderá pontos.
Defrontado com uma contrariedade de última hora, o Benfica
viu lesionar-se Júlio César poucas horas antes do início do jogo, tendo de
recorrer ao guarda-redes número dois, Ederson, que, mais uma vez, cumpriu. Na
equipa do Benfica de realçar a excelente exibição dos dois centrais. Lindelöf
está um jogador de grande craveira e Jardel exibiu-se ao seu melhor nível “secando”
completamente Slimani. No meio campo, excelente também a exibição de Jonas
enquanto teve forças. Muito castigado pelas sucessivas entradas em falta de William
Carvalho, Jonas foi o cérebro da equipa do Benfica na sua manobra de cortar a
iniciativa de jogo ao Sporting. Brilhante também Mitroglou que, apesar de muito penalizado por Ewerton, mais uma vez,
não falhou na hora certa. Renato, no desempenho de uma função difícil, sempre
marcado de perto por Adrian, foi importante no meio campo, embora tenha perdido
algumas bolas na manobra atacante (por retardar o passe na hora devida). Samaris
esteve imperial a defender, embora também tenho tido uma perdida de bola muito
comprometedora. Eliseu e André Almeida, muito solicitados na defesa, principalmente
Eliseu, estiveram também em bom nível. Quem esteve manifestamente abaixo das
suas capacidades foram Pizzi, apesar do auxílio que prestou ao meio campo, e
Gaitan, que tarda em reaparecer.
Fejsa substituiu Pizzi para reforçar o meio campo, Jiménez
substituiu Mitroglou para dar mais largueza ao ataque e explorar o
contra-ataque e Salvio entrou para o lugar de Jonas.
Finalmente, a arbitragem: toda a equipa de arbitragem esteve
bem e não teve qualquer influência no resultado. É no entanto perfeitamente
natural que os psicopatas do Sporting e os pobres dependentes assalariados do clube leonino com
voz nas televisões inventem mil e uma coisas nos dias que aí vêm para por essa
via tentarem atenuar a imensa frustração de quem já se vê mais próximo do
terceiro lugar do que do primeiro. Mas não há realmente nada de importante a
assinalar à arbitragem, salvo a manifesta alteração de critérios entre a
primeira parte e a segunda, não em proveito ou desvantagem de uma ou outra
equipa, mas relativamente a lances que na primeira parte não mereceram
disciplinarmente sanção especial e na segunda mereceram. Nesta divergência de
critérios o Benfica acabou sendo o mais prejudicado, mas por mero acaso. Houve
da parte do árbitro e dos seus auxiliares a preocupação de fazer uma boa
arbitragem. E esse objectivo foi alcançado.
ADITAMENTO
Revisto o jogo sem a emoção de quem a ele está a assistir em
directo, tenho de concluir que a exibição do Benfica na segunda parte foi muito
superior à que à primeira vista me pareceu. De facto, o Benfica começou o jogo
ao ataque com duas excelentes jogadas que poderiam ter dado golo – as de Renato
e Gaitan, acima referidas, e praticamente seguidas.
Depois o Benfica foi sempre controlando o jogo com classe e
poderia ter feito muito mais se não tivesse falhado com excessiva frequência o
último passe nas jogadas de ataque. A inviabilização dessas múltiplas – sim,
múltiplas (é ver…) – jogadas não resultou de mérito do Sporting, mas de erros
dos jogadores do Benfica. Umas vezes porque se agarravam excessivamente à bola
(Renato), outras porque na hora de passar bem entregavam a bola ao adversário
(Jonas, Gaitan, Samaris. Pizzi, etc.).
Quanto ao árbitro, também se impõe uma correcção. Não
penalizou com amarelo Ewerton na primeira parte apesar de ter travado
irregularmente Mitroglou por seis vezes! Não puniu as jogadas em que os
jogadores do Benfica foram manifestamente empurrados contra os painéis de
publicidade (Gaitan, Mitroglou, Jonas), mas assinalou uma falta a Eliseu que
não existiu. Todavia, na segunda parte, na primeira falta (ligeira) que Jonas
cometeu, no primeiro terço do terreno do Sporting, foi imediatamente punido com
um carão amarelo. Idem, para Gaitan, por falta idêntica na mesma zona do
terreno. Amarelo também para Mitroglou por ter retardado ligeiramente a saída.
Mas nada aconteceu a Ewerton na meia dúzia de vezes em que em falta impediu
Mitroglou de prosseguir a jogada, umas vezes de contra-ataque, outras de
ataque. Por último, o erro dos erros, aconteceu perto do minuto 90 quando
Jiménez disputando na frente de ataque uma bola com Jefferson (ou Ewerton), caindo
ambos, foi impedido de se isolar pelo jogador do Sporting que o puxou por um
braço. Era falta e expulsão. Como de costume não houve repetições da TV Sport, que,
como sabemos, só mostra o que lhe convém. É aliás na imediata sequência dessa jogada
que Renato, em manifesto desforço pela falta não assinalada a favor do Benfica,
entra sobre Bryan (ou outro) e apanha o amarelo.
Para concluir, Jorge Jesus se tivesse um mínimo de imparcialidade,
ou se tivesse um resquício de vergonha, revia o jogo e pedia desculpa pelo que
disse. Acrescentando que a sua equipa foi inepta, incapaz de ultrapassar o
sistema de jogo do Benfica por ter posto em prática um futebol vulgar sem
criatividade nem imaginação. Esta a verdade do derby!
3 comentários:
Gostei do aditamento. Bom trabalho!
Excelente Post.
Belíssimo post. Sem dúvida um dos grandes blogues afectos ao meu clube, o Sport Lisboa e Benfica.
Miguel
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