CONTRA A ACADÉMICA DE
EDUARDO SIMÕES
O Benfica venceu em Coimbra contra a ainda denominada
Associação Académica de Coimbra, que de académica já nada tem, salvo a cor das
camisolas. Hoje, ou melhor, desde há uns anos que se trata de uma equipa de Eduardo
Simões e seus amigos. É pena que aquela que durante tantas e tantas décadas foi
a “Briosa” seja hoje uma equipa sem ligação aos estudantes de Coimbra (antigos
e actuais) e à cidade. Essa descaracterização da Académica custar-lhe-á muito
provavelmente a sobrevivência. Logo se verá, mais cedo do que tarde….
O jogo desta tarde, em Coimbra, foi um jogo muito difícil
para o Benfica. Não apenas por o Benfica vir de um jogo muito desgastante, a
meio da semana, na Alemanha, contra o Bayern de Munique, mas principalmente por
desde muito cedo se ter percebido que iria ser um jogo susceptível de causar
uma enorme fadiga mental.
E foi o que aconteceu. A académica apresentou-se contra o
Benfica com um dispositivo táctico que esta época não tinha adoptado contra
qualquer outra equipa. Nem contra o Benfica, na Luz, nem contra o Sporting, em
Alvalade, num tempo em que a sua permanência na primeira liga já estava tão comprometida
como está hoje e, muito menos, contra o Porto, para citar apenas aqueles que
são os seus mais fortes adversários.
Qualquer observador atento percebe duas coisas que se
passaram no jogo. A primeira é a de que a Académica não se remeteu à defesa com
onze jogadores por se ter apanhado a ganhar bem cedo. Não, a Académica
remeteu-se à defesa porque era essa a sua estratégia para o jogo desta tarde.
Fê-lo antes de estar a ganhar, depois de estar a ganhar e enquanto esteve
empatada, ou seja, até ao 85.º minuto de jogo. A segunda, é que desde muito
cedo se percebeu também que a Académica estava muito mais interessada em tirar pontos ao
Benfica do que em fazê-los! Esta a razão por que somente contra o Benfica jogou
desta maneira.
Há qualquer coisa nas palavras do treinador da Académica, no
final do jogo, que indiciam algo difícil de deslindar. Mas que houve algo,
disso ninguém pode ter dúvidas.
Outra questão que importa ter em conta e que não pode ser
tratada com sobranceria é a pressão que o Sporting está fazendo sobre a
arbitragem. Nas pequenas coisas, tantas vezes importantes num jogo de futebol, foram
hoje evidentes os efeitos dessa pressão.
Como aqui havíamos previsto, Capela, para não ser acusado de
favorecer o Benfica, poderia cair na tentação de o prejudicar. Consciente ou
inconscientemente fez isso. Foram assinaladas faltas atacantes a Mitroglou, a Jardel
e a Samaris que nunca existiram. Os jogadores da Académica pareciam que tinham
instruções (e é muito provável que elas não fossem do treinador) para se
deitarem por terra ao menor contacto. Fizeram-no várias vezes e sempre Capela
lhes concedeu a falta, salvo numa queda vergonhosa de Marinho na área do
Benfica por inexistente contacto de Eliseu.
Daqui pode também ficar uma lição para os árbitros. Apitem
correctamente e com imparcialidade, porque, mesmo que inconscientemente acabem
por prejudicar o Benfica, irão sempre ser atacados pelo Sporting, se o Benfica
ganhar.
Quanto ao jogo, propriamente dito, para além do erro de
Eliseu, erro grave, de que resultou o golo da Académica na única vez a bola foi
à baliza do Benfica, e do permanente anti-jogo da Académica, a conclusão que
dele se pode tirar é que o Benfica vai ter, pelo menos, mais dois jogos como
este, ambos em casa, contra o Setúbal e contra o Guimarães.
Embora estas duas equipas estejam numa situação muito
diferente da Académica na tabela classificativa, é certo que irão defrontar o
Benfica utilizando um esquema táctico idêntico ao que a Académica hoje pôs em
prática. E pelas mesmas razões…
Poderia o Benfica ter jogado em Coimbra de outra forma por logo
desde o início se ter percebido qual iria ser a estratégia da Académica? Com
todo o respeito por Rui Vitória, achamos que sim. Concretizando: o Benfica
poderia ter experimentado no primeiro tempo algumas jogadas individuais de
penetração na área da Académica, principalmente pelo seu jogador fisicamente
mais forte: Renato Sanches, por desde muito cedo se ter percebido que as
iniciativas individuais ajudariam a desposicionar a Académica. E poderia também
ter tentado no primeiro tempo o jogo vertical através de lançamentos de Ederson
para assim tirar vantagem das “segundas bolas”. Contra, apenas o risco de o
árbitro poder paralisar todas essas jogadas por serem obviamente jogadas de
choque. Mesmo assim, valeria a pena ter tentado.
Para terminar, uma palavra de muito apreço para Jiménez que,
tendo entrado muito em cima do termo do jogo, teve a clarividência necessária
para o resolver.
E assim, para a história, fica o resultado desta tarde: Académica
1- Benfica 2; golos de Pedro Nuno, Mitroglou e Jiménez.
Como disse Vieira: ”Há
que ganhar dentro do campo e resistir fora dele”, tanto mais que, pelas
palavras do “Padrinho”, já se percebeu que não será por esse lado que o
Sporting vai perder pontos…
2 comentários:
Subscrevo palavra por palavra.
Muito interessante o que referiu sobre o que RV poderia ter pedido à equipa ainda na primeira parte. Estava a ver o jogo e a pensar exactamente o mesmo.
Mais um Excelente Post!
Qt à sugestão estratégica para a 1ª parte, a verdade é q o Benfica teve 4 ou 5 oportunidades (não concretizadas) para resolver o jogo.
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