O RESTO JÁ ERA ESPERADO
Faltam duas jornadas para terminar o campeonato e agora todos
os benfiquistas já sabem aquilo que para alguns ainda não era claro: para
ganhar o campeonato o Benfica tem de ganhar os dois próximos jogos. E sabem
mais: sabem que ambos os jogos serão muito difíceis. Como
aqui dissemos depois do jogo contra a Académica, todos os jogos que o Benfica tinha
que disputar iriam ser muito difíceis. Muito mais difíceis do que seriam se
ocorressem noutra fase do campeonato.
Tal como em aconteceu em 2004/2005, também agora nesta fase final do campeonato todos os
jogos iriam ser disputados pelas equipas adversárias como se do resultado de cada
jogo dependesse a sua própria sobrevivência. Quem não se lembra como jogaram
contra o Benfica, naquela época, o Belenenses de Carvalhal e o Estoril de
Litos? Embora os jogos não tivessem para
qualquer destas duas equipas a menor importância, a verdade é que eles foram
jogados como se de verdadeiras finais se tratasse.
A razão é simples: o objectivo dessas equipas não era ganhar ou
sequer somar pontos, mas tirar
pontos ao Benfica. É exactamente o mesmo que agora se está a passar,
consideravelmente agravado pelo facto de as dificuldades terem começado mais
cedo. E aquilo a que se tem assistido não deixa de ser interessante a ponto de
mais tarde vir certamente a figurar nos anais do futebol português: responsáveis
por equipas de primeira linha, como os do F C do Porto, ficam felizes por não contribuírem
para a vitória do Benfica no campeonato. Ou seja, a derrota da sua equipa deixa de ter importância desde que essa derrota sirva para evitar a vitória do Benfica!
É neste contexto que o Benfica tem de encara os dois jogos
que lhe faltam. Saber como as coisas se vão passar e analisar correctamente o
que até agora se tem passado é salutar e indispensável ao êxito da equipa. Pelo
contrário, denunciar oficialmente esta situação, seja através de responsáveis
benfiquistas, seja por via do gabinete de comunicação, só pode ser prejudicial
pelo efeito negativo que esta denúncia pode ter no ânimo das equipas que vão
defrontar o Benfica.
O Benfica, equipa técnica, jogadores, dirigentes, têm de
partir do pressuposto de que os incentivos existem, mas não devem, no seu
próprio interesse, denunciar o que ainda não aconteceu.
Isso não obsta a que os adeptos analisem como decorreram os
jogos do Benfica desde o jogo contra a Académica até ao jogo contra o Vitória
de Guimarães. Todavia, nada do que aconteceu teria sido notícia se as vitórias
do Benfica tivessem sido folgadas, como até então quase invariavelmente
acontecia. Foi a vitória pela diferença mínima que, reflexamente, levou a
exacerbar uma situação que, para qualquer pessoa minimamente experiente nas
coisas do futebol, já tinha como certa a partir do momento em que o Sporting
foi relegado para segundo lugar.
Mais interessante seria analisar por que razão as vitórias do
Benfica passaram a ser pela diferença mínima depois do primeiro jogo da eliminatória
dos quartos-de-final contra o Bayern de Munique. A resposta mais simples seria
dizer que o Benfica está exausto, que os jogadores estão muito perto do limite
físico, sendo a condição física da equipa que tem ditado os escassos resultados a
que temos assistido.
Evidentemente, que não há nesta fase da época nenhuma equipa
europeia de primeiro plano que irradie frescura física e que não esteja sofrendo os
efeitos dos mais de cinquenta jogos já realizados. Certamente que esta
circunstância pesa, mas não é definitiva.
Muito mais importante foi a quebra anímica resultante da
perda da eliminatória contra o Bayern. Essa sim, a verdadeira razão da quebra
do Benfica. Dir-se-á que não pode haver quebra anímica resultante de uma eliminação
que, à partida, poucas ou quase nenhumas hipóteses tinha de deixar de
acontecer. Não é essa, porém, a ideia dos jogadores. Os jogadores sentiram que
estiveram a um passo de eliminar o Bayern. Bastava que em Munique tivessem
concretizado uma das várias hipóteses que tiveram de marcar. O Atlético de Madrid, como se viu, durante
todo o jogo teve apenas uma, concretizou-a e isso bastou. O Benfica fez muito mais que o Atlético e não
passou.
Esse desaire leva tempo a digerir. por outro lado, a prova de que
a condição física não tem sido a decisiva para explicar o que se passa está na
capacidade que o Benfica tem tido para “virar” jogos que por uma ou por outra
razão têm começado da pior maneira. Para quem já não se recorda, o Benfica “virou”
o jogo contra a Académica, contra o Setúbal, contra o Braga e parcialmente
contra o Bayern.
Agora, que já vários jogos se fizeram depois da eliminatória
da Champions e que já muitos dias passaram, é quase certo que o Benfica se
apresentará nos Barreiros com um estado de espírito bem mais positivo do que
aquele que nos últimos jogos o têm acompanhado. E isso bastará ...
1 comentário:
Não vem a propósito deste post, mas não pode deixar de registar-se. No funeral de Paulo Paraty: há pessoas, que pelo seu passado, não deveriam aparecer ou, aparecendo, deveriam estar caladas. Uma dessas pessoas é Lourenço Pinto. O depoimento feito no funeral de Paraty é simplesmente lamentável: "Paulo era um homem leal; leal para com os seus e para com os adversários".
Paulo Paraty não merecia estas palavras...
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