O QUE PRETENDE VIEIRA?
Causa a maior perplexidade a “sangria” que diariamente os
jornais vão anunciando da equipa campeã. Além de Renato Sanches e de Gaitan, já
vendidos, diz-se que Vieira foi à China negociar Jonas e Talisca e que além
destes estarão de saída Ederson e Lindelöf. Que há boas propostas por Jardel,
que Carcela também deverá sair, que Carrillo será vendido sem nunca ter
envergado a camisola do Benfica e, quem sabe, porventura outros, se houver propostas.
A primeira pergunta que ocorre fazer é a seguinte: afinal o
que é o Benfica? É um clube de futebol, o maior de Portugal e um clube com
grande projecção europeia e mundial ou é, muito pura e simplesmente, um mero
entreposto de compra e venda de jogadores?
É isto que o presidente do Benfica tem de explicar aos sócios
e adeptos do Benfica. Qual é a estratégia da direcção do Benfica? É vender,
sempre que haja uma proposta? Ou é manter uma equipa vencedora?
O presidente do Benfica dispensa-se de dar explicações. Age
como se fosse dono do clube e seu senhor absoluto. Alguns benfiquistas, indispostos
com estas considerações (apenas porque estão a ganhar), já vieram a este blogue
explicar a estratégia da direcção. Dizem eles, o objectivo da direcção é
reduzir ou extinguir a divida, vendendo muito rapidamente tudo o que houver para
vender, de modo a que as verbas que o Benfica gasta anualmente no seu serviço
possam ser aplicadas no pagamento de uma massa salarial (de um plantel) compatível
com a categoria do Benfica.
Em primeiro lugar, é preciso dizer que esta explicação nunca
foi apresenta por nenhum responsável do Benfica; e em segundo lugar, que ela é rotundamente
desmentida pelos factos: o Benfica tem vendido muito e caro e a dívida não tem
deixado de crescer. Portanto, há aqui qualquer coisa que não bate certo.
O primeiro sinal altamente preocupante é o montante da dívida
do Benfica. Um montante que só pode ser sinónimo de má gestão. O segundo sinal,
que as considerações antecedentes parecem confirmar, é o de que o serviço da
dívida do Benfica (entenda-se por serviço da dívida os juros e as amortizações
devidos em cada ano) é muito mais pesado do que se poderia supor ou esperar. Por
comparação, até parece ser mais pesado que o do Sporting, a confirmar-se a
notícia de que os seus principais “activos” só sairão pela cláusula de
rescisão.
De facto, a “conversa” de que o negócio com a “NOS” teria por
objectivo reduzir a zero a dívida parece não passar de isso mesmo: de uma
simples “conversa”. Se esse fosse o objectivo e se o negócio fosse tão
importante e vantajoso como o pintaram, como se explica então que exactamente
no ano em que o contrato vai entrar em vigor o Benfica se proponha vender mais
de metade do plantel? E logo o mais valioso?
Há aqui qualquer coisa que não bate certo…
Apesar das grandes vitórias alcançadas este ano e da
brilhante participação na Liga dos Campeões é bom que ninguém despreze a
conjugação de dois factores que, a não terem ocorrido, poderiam ter feito com o
que o desfecho da época fosse completamente diferente. São eles: a lesão de
alguns jogadores, nomeadamente dos mais idosos, e o simultâneo aparecimento de três
jovens que alteraram radicalmente o rumo do campeonato: Renato Sanches, Ederson
e Lindelöf.
Dir-se á: apareceram porque estavam na formação. Certamente.
Mas três jovens jogadores como aqueles dificilmente aparecem numa década quanto
mais todos os anos…
Em conclusão: que Gaitan tenha sido vendido, compreende-se. Esteve
seis temporadas no Benfica e a sua presença no plantel durante seis épocas mais
que rentabilizou o investimento nele feito. Agora que Jonas, um jogador que
entrou no Benfica a custo zero e que em duas épocas marcou mais de 50 golos, seja
vendido “apenas para fazer dinheiro”, quando estava em condições de render mais
duas, é absolutamente incompreensível. Seriam os 20 milhões mais caros da
história recente do Benfica. E quanto ao jovens já dissemos noutro post como é ainda mais incompreensível a sua venda.
Quanto ao mais, é bom que ninguém se esqueça que uma
grande equipa não se faz com jogadores inexperientes, sem provas dadas, nem com
jogadores que já atingiram o seu “prazo de validade”. Pode custar ver sair do
Benfica jogadores que já deram (e receberam) muito ao clube. Infelizmente, é a
lei do futebol. Assim aconteceu sempre – aconteceu com Eusébio, com Coluna, com
José águas, com Nené, com Chalana e tantos outros – e assim continuará a
acontecer. Retardar esse momento é uma decisão que se paga caro!
Na última sexta-feira, o Benfica venceu brilhantemente mais
um título derrotando o Marítimo por 6-2, em Coimbra, na final da Taça da Liga.
Uma vitória concludente, que igualmente serve para comprovar
o que acima se disse acerca da conjugação de factores que levou o Benfica ao
TRI!
9 comentários:
Deixe-me assinar por baixo.
É exasperante. Todos os anos assistimos a isto.
Claro que temos que vender jogadores todos os anos
A dívida não pode aumentar todos os anos, antes pelo contrário
E o presidente não pode estar a desmentir os jornais todos os dias... Os três diários tem que vender para sobreviver e o Benfica ajuda muito... Sabemos que todos os anos é assim, vendemos tudo e compramos tudo, depois no final vemos que não é bem assim
É assim todos os anos, já havia- mos de estar habituados a isto
Resta- nos esperar para ver e confiar no presidente... que mais podemos fazer?
Tirando o final da época 2013/2014 em que saíram 6/7 jogadores, em todas as restantes épocas tem apenas saído 2/3 jogadores. E nessa época isso aconteceu porque tinha sido feito um esforço para tentar chegar à final da Champions que se realizava na Luz.
Outra coisa que não é verdade é que a divida não está a aumentar. Nos últimos 2 anos diminui e Domingos Soares Oliveira já anunciou que nos próximos anos a ideia é eliminar a carga de juros dessa divida.
Quanto a saídas é normal que algumas vão acontecer. Por exemplo a extremos temos um excesso de jogadores. Acho que não devemos começar a época com Carcela, Gonçalo Guedes, Cervi, Salvio, Pizzi, Carrillo. Não faz sentido.
Mas o presidente do Benfica tem de agora estar a dar satisfações a qualquer notícia da saída de jogadores pelos jornais? Depois também lhe vão exigir explicações pela chegada de novos jogadores? Qual a razão deste post? Pedir justificações só a LFV ou ao Benfica? Quem se mostra tão interessado será sócio ou simplesmente benfiquista? Não vejo ex-dirigentes ou ilustres benfiquistas com este interesse tão temporão! Talvez por terem mais experiência e conhecimentos sobre o assunto ou saberem estar com educação na vida.
O Benfica ou qualquer outro clube tem de ser gerido por quem assume as responsabilidades, o que não quer dizer que não tenha ou deva ouvir conselhos e opiniões de outras pessoas com habilitações nos respectivos assuntos, ou seja, ser gerido de dentro para fora. Para qualquer efeito também existe uma SAD. Não é qualquer sócio ou simpatizante que pede justificações! Não o fazem ao clube do seu bairro ou vila e exigem-no ao Benfica!
Comecemos pela dívida. As notícias que os responsáveis do Benfica veiculam sobre a dívida estão longe de ser concordantes entre si e ainda mais longe de se compatibilizarem sobre o que neste blogue, em comentários, já foi dito sobre a sua gestão.
De facto, cada um diz a sua coisa. O Presidente, aquando do contrato com a NOS, disse ou mandou dizer por si, que o rendimento do contrato se destinava a eliminar o passivo. Soares de Oliveira, na entrevista que deu à TVI, falou numa dívida gerível, o que para ele correspondia a um ano de facturação. Ou seja, o equivalente a 200 milhões de euros entrando com as receitas extraordinárias. Estas duas formas de encarar o passivo são entre si diferentes. o ponto de vista de Soares de Oliveira implica necessariamente a venda de jogadores todos os anos, já que o Benfica não tem outro modo de gerar receitas extraordinárias.
Mas há mais: Soares de Oliveira, quando o Benfica vendeu Renato, disse que o dinheiro era para investir em reforços.
Enfim, uma grande confusão. Certo e seguro é que o Benfica está muito endividado, tem um pesado serviço da dívida e não se vislumbra qualquer alívio à medida que os anos passam. antes pelo contrário.
E as pessoas que estão preocupadas com esta situação só podem desejar que tudo isto seja apenas fruto de incompetência. Oxalá seja...
O ideal seria tomar o Bayern como modelo. Um clube sem dívida e que dá lucro. Nem era preciso tanto, bastaria que a dívida fosse consideravelmente reduzida e que o Benfica pudesse reter em cada ano o essencial da equipa, sem que com isto se queira dizer que não haja vendas. Sim, pode e deve haver. O que tem de se perceber é o critério. Hoje o único critério que realmente existe é o da "procura". Ou seja, se houver quem queira comprar, vende-se, seja quem for aquele que se vende.
Finalmente, o mais preocupante é que estando em curso a reeleição de Vieira não haja perguntas a fazer, nem alguém que se lhe oponha, quanto mais não seja para obrigar a explicar-se. Infelizmente, o adepto tem vista curta. Se ganha vê a vitória, se perde só vê a derrota. Não se interroga sobre o futuro, nem sobre o passado. Apenas atende ao presente aparentemente visível.
Não seria melhor esperar que as saidas sejam confirmadas? Andar a comentar notícias de jornais parece-me um exercício um bocado inglório...
Subscrevo inteiramente o seu comentário.
Caro Ricardo, todos os fins de época é esta conversa da treta, portanto está na altura de deixarmos de acreditar nos jornais e na restante merdia nacional.
Eu só acredito em vendas/contratações quando está escrito preto no branco.
Entretanto é para os papalvos comprarem os jornais desportivos todos dias.
Eu não gasto um cêntimo nessa pasquinada e já fui dos que comprei, mas também era o tempo dos jornalistas a sério, e não os de hoje, que se movem unicamente por interesses e sabujices.
Miguel
O problema não está no que dizem os jornais, mas no que diz ou não diz a Direcção da SAD. Se a direcção dissesse que os jogagores só podem sair pela cláusula de rescisão a questão não se punha.
É certo que ultimamente há notícias nesse sentido. Se são verdadeiras ou não, logo se verá. Certo é que essas notícias só surgiram por ter havido contestação à saída indiscriminada de jogadores. Por isso não estamos arrependidos de nada do que aqui se escreveu.
Ricardo Viana de Lima
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