sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

BENFICA: APOSTAS GANHAS E FALHADAS



As LIÇÕES DO JOGO CONTRA O OLHANENSE

Alinhando contra o Olhanense com uma equipa quase completamente diferente da habitual, da qual apenas alinharam David Luiz fora do lugar, Maxi Pereira, Javi Garcia e Aimar durante cerca de uma hora, Jorge Jesus teve oportunidade de ver em acção numa fase adiantada da época um conjunto de jogadores pouco utilizados.
Mesmo sabendo-se que os jogadores menos utilizados têm um ritmo diferente dos habituais titulares, algumas lições se podem tirar do jogo contra o Olhanense, que o Benfica ganhou por 3-2.
A primeira, se é que já não estava tirada, é a de que David Luiz fora do seu ligar vale menos cinquenta por cento. Se numa altura em que lutava por se firmar na equipa a abnegação com que lutava no lugar de defesa esquerdo ainda lhe permitia disfarçar algumas fragilidades, hoje, conquistada que está, com todo o mérito, um lugar na equipa, tirá-lo do centro da defesa é diminui-lo e desvalorizá-lo.
César Peixoto, sem prejuízo de todo o empenho que põe em jogo, não está à altura das responsabilidades do clube. Mas isso não justifica que o jogador seja relativamente hostilizado por uma parte do público. Ele faz o que pode e entrega-se ao jogo com dedicação. Merecia mais respeito.
Ayrton não descola. É um jogador pesado, pouco ágil e não vai passar muito daquilo. Sydnei é lento, desconcentrado e gera intranquilidade na equipa.
Kardec, outra das apostas de Janeiro do ano passado, também não descola, nem nunca será um grande ponta de lança. Um ponta de lança precisa de inteligência e instinto, podendo este, se for muito apurado, dispensar alguma inteligência. O que não existe em nenhuma parte do mundo é um grande ponta de lança sem instinto goleador. Kardec não fareja o golo, nem tem o instinto de saber onde encontrar a bola. Pelo contrário, posiciona-se sempre mal, quase sempre em condições de não poder concluir. Tem mais instinto para fugir da bola do que para encontrá-la.
Filipe Menezes promete quando começa a jogar, mas depois desaparece e nunca mais se dá por ele. Para um jogador do meio-campo, esta é uma característica fatal.
Jara sobre o qual havia tantas dúvidas parece ser reforço. Como aqui já se tinha dito, Jara pareceu muitas vezes um jogador triste, desadaptado, sem ligação com a equipa. Integrado, animado, Jara poderá tornar-se num grande jogador. Ontem marcou um grande golo e fez uma boa exibição.
Gaitan já deu provas mais do que suficientes – aliás, Jesus recorreu a ele e a Savio, quando as coisas estavam mal paradas - de que pode ser um excelente reforço, mas tem de perceber, principalmente quando joga no meio do campo, que, na Europa, contra uma equipa média, perder a bola na primeira fase de construção quando a equipa está toda balanceada para a frente é fatal: normalmente resulta em golo do adversário. E ontem, nos vinte minutos que jogou, perdeu algumas bolas.
Um jogo que estava sendo fácil, que poderia ter rendido mais golos, acabou por ser salvo por Salvio que saiu do banco, a vinte minutos do fim, para marcar um grande golo.

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