segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

MOURINHO: A PROVA DE FORÇA CONTINUA



QUEM VAI GANHAR?

Mourinho nas muitas disputas em que intervém tem a seu favor já ter somado um número considerável de importantes vitórias em cerca de dez anos de profissão. Contra, nunca ter feita nada de especial pelo futebol, havendo até quem diga, entre os nomes mais famosos deste desporto, que Mourinho não trouxe nada de novo nem de bom ao futebol. Trouxe certamente vitórias para as equipas que treina, mas só isso.
No Real Madrid a história repete-se. Nada fazendo em prol de novos talentos – Mourinho prefere os jogadores feitos e com provas dadas, tenham eles 25 ou 35 anos –, o treinador do Real, acossado por um Barcelona brilhante até hoje quase sem deslizes, exige um ponta de lança com créditos firmados e grande experiência, para ter a certeza de que nas oportunidades (poucas ou muitas) de que a sua equipa desfruta esteja lá na frente quem não falhe.
Não lhe basta ter à frente Cristiano Ronaldo, Benzema, Pedro Leon, além obviamente de Di Maria e Kaká. Mourinho quer mais. Quer um avançado centro que prenda em permanência os dois centrais da equipa adversária, para que Ronaldo e Di Maria fiquem com mais liberdade nas incursões pelo centro.
O Real Madrid, com Valdano à frente, resiste e contabiliza: desde que Mourinho chegou, o Real, citando apenas as vedetas, contratou: Di Maria, Özil, Khedira, Ricardo Carvalho. Com os jogadores que já lá estavam – Casillas, Ramos, Pepe, Marcelo, Xabi Alonso, Cristiano, Kaká, Gago, Higuain, Diarra, Lass, Benzema, só para citar os mais famosos, qualquer treinador tinha obrigação de formar uma super-equipa.
Por outro lado, a direcção desportiva do Real Madrid e a junta dirigente, passando em revista os últimos três anos, conhecem bem o resultado a que levou a satisfação das exigências de anteriores treinadores: à dispensa de grandes jogadores, dos melhores do mundo, que logo depois de dispensados pelo Real brilharam a grande altura nos novos clubes e nas respectivas selecções nacionais. Por isso não cede.
Mourinho sabe bem que não tem equipa para se bater com o Barcelona por mais jogadores que contrate. O seu objectivo não é, portanto, ganhar vantagem no confronto face a face com o Barcelona. O seu objectivo é outro: Mourinho sabe que uma equipa como a do Barcelona, altamente competitiva e fascinantemente artística, pode falhar contra equipas menores. E são essas falhas que Mourinho quer aproveitar para ganhar. Mas para aproveitar essas falhas a cem por cento o Real não pode falhar. Em certos países, essas falhas contra as equipas menores podem resolver-se sem a contratação de jogadores, como Mourinho bem sabe. Em Espanha, porém, elas só se resolvem no campo, com jogadores que não falhem!
Sabendo isto, Mourinho continua fazenda a guerrilha antes e depois de cada jogo, arregimentando os jogadores para a sua causa, na esperança de assim pressionar os dirigentes e de os responsabilizar perante os adeptos pelo fracasso da equipa.
Para muita gente, Mourinho não tem, pelos processos de actuação que utiliza, um carácter que se recomende. Também não tem um futebol que entusiasme. Talvez ele perceba que está, porventura, a fazer no Real a sua prova de vida – da “vida” ao nível a que se habituou e a que habituou os adeptos das equipas que treina – dai que ele tenha elevado a luta a um ponto sem recuo: ou ganha, subjugando Florentino e "correndo" Valdano; ou perde, e sai sem honra nem glória.

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