domingo, 1 de abril de 2012

BENFICA VENCE BRAGA



PORTO NA FRENTE
Encarnados na luta pelo título após vitória dramática



Contrariando as previsões mais pessimistas, o Benfica venceu em casa o Sporting de Braga por 2-1, ascendendo ao segundo lugar da classificação, agora liderada pelo Porto, que, depois de vencer o Olhanense por 2-0, beneficiou do resultado da Luz.

Apesar de o Braga nas dezenas de confrontos travados com o Benfica para o campeonato só ter vencido em Lisboa uma vez, por 1-0, há mais de meio século, não eram poucos os que admitiam a repetição dessa façanha no jogo de ontem. O passado recente do Benfica e a série de treze vitórias consecutivas do Braga apontavam mais naquele sentido do que numa vitória do Benfica.

  Porém, bem cedo se percebeu que o Benfica não iria ser uma presa fácil. Contrariamente ao que os resumos televisivos e os comentários que os acompanham podem deixar transparecer, o Benfica foi mais dominante durante toda a primeira parte embora não tivesse desfrutado de grandes ocasiões de golo, não obstante as muitas jogadas que protagonizou perto ou dentro da área do Braga. E até foi o Braga que mesmo sobre o fim da primeira parte criou mais perigo. Mas foi uma jogada isolada. As restantes resultantes de um livre marcado por Hugo Viana sobre a barra ou de contra-ataques rápidos nunca chegaram a incomodar verdadeiramente o Benfica.

Durante toda a primeira parte o Braga jogou na contenção, tentando explorar uma ou outra transição e não deixando mesmo, aqui ou ali, de ir fazendo algum anti-jogo. O empate servia-lhe.

Na segunda parte o jogo foi mais vivo e mais repartido. O Benfica beneficiou logo no recomeço de uma excelente oportunidade que Witsel não conseguiu concretizar depois de um passe do atabalhoado Cardozo. Quim defendeu o remate do belga, quando este já se encontrava numa posição difícil, mal enquadrado com a baliza.

Do lado do Braga houve duas grandes oportunidades, uma num remate em jeito de Lima que antecipando-se a Luisão fez a bola rasar a trave e outra lá mais para a frente quando o mesmo Lima, beneficiando da lesão de Miguel Vítor, progrediu sozinho pela direita e centrou para Mossoró de cabeça desperdiçar mesmo em frente da baliza.

O Benfica foi tentando sempre, ora por Rodrigo, Bruno César ou Gaitan, mas os remates ou erravam o alvo ou eram defendidos.

A lesão de Miguel Vítor obrigou o Benfica a fazer recuar Javi Garcia para central e a entrar Matic para o seu lugar. Antes, porém, já Cardozo, completamente apagado, havia cedido o lugar ao jovem Nélson Oliveira que deu outra vivacidade ao jogo de ataque. Mais tarde, Rodrigo seria substituído por Nolito.

Quando o jogo se aproximava do fim, com o Braga satisfeito com o resultado e o Benfica a ver fugir-lhe a possibilidade de continuar a lutar pelo título, o defesa do Braga  Elderson, numa bola relativamente inofensiva, entrou imprudentemente sobre Bruno César, derrubando-o, depois de lhe ter dado uma valente cabeçada na nuca. Como não poderia deixar de ser, o árbitro assinalou penalty.

Witsel com calma e classe fez golo e a Luz respirou de alívio. A vitória estava a um passo de ser conseguida. Só que quatro minutos depois, Capdevilla numa disputa de uma bola sobre a lateral esquerda deu um ligeiro encosto em Paulo César que se deixou cair. O árbitro assinalou falta, que Hugo Viana marcou a meia altura em direcção à baliza. Artur defendeu ligeiramente para o lado e Elderson, que havia cometido o penalty, redimiu-se fazendo o golo na recarga.

Apesar de se saber como Hugo Viana marca aqueles livres, apesar de o Benfica já ter sofrido golos daqueles contra o Braga e outras equipas, directamente ou na sequência do livre, a ideia com que se fica é que a equipa da Luz não aprendeu a lição. A barreira de dois jogadores parece manifestamente insuficiente ou mal feita e a formação de uma linha à frente do guarda-redes com os defesas de costas e os avançados de frente, na expectativa de explorar um hipotético fora de jogo - que, mesmo quando existe, nem sempre é marcado - revelou-se mais uma vez fatal. É altura de rever os processos e ponderar se vale a pena continuar a apostar no fora de jogo, nomeadamente quando a linha se forma poucos metros à frente da baliza. Não seria preferível, nesses casos, ter alguns defesas de frente para a bola?

Com o jogo empatado, voltou a pairar na Luz o espectro de mais uma prova ingloriamente perdida e ainda por cima, mais uma vez, em casa.

É certo que o Benfica continuou a tentar, mas o tempo escasseava. O árbitro concedeu quatro minutos de compensação e quando decorria o segundo minuto Gaitan na direita fez uma excelente jogada endossando a bola a Bruno César que, no coração da área, com muitos jogadores pela frente, colocou rasteiro do seu lado esquerdo fora do alcance de Quim fazendo o golo da vitória.

Estava relançada a euforia na Luz com a possibilidade de continuar a lutar pela vitória no campeonato. O jogo terminou logo a seguir.

Do jogo resulta como ponto negativo para o Benfica a lesão de mais um central. Depois de Garay e Jardel também agora Miguel Vítor vai ficar de fora. E Luisão queixou-se muito na primeira parte, aparecendo na segunda com uma ligadura sobre o joelho esquerdo.

Como ponto positivo, muito positivo, aquilo que parece ser o renascimento de Rodrigo tão importante quanto é certo o seu apagamento ou ausência durante os últimos dez jogos ter coincidido com a quebra de forma da equipa. Bruno César é sempre um jogador importante tanto pela combatividade que põe no jogo como pela capacidade de resolver nos momentos decisivos. Gaitan também parece estar a subir, mas ainda é cedo para o dizer. Javi mantém-se em excelente forma e é neste momento o grande pilar da equipa. Finalmente, Capdevilla é muito mais jogador que Emerson tanto a defender como a atacar ou a passar e só mesmo a má vontade e a casmurrice de Jesus o poderão levar a não o confirmar como titular.

Aliás, foram manifestamente infelizes mais uma vez declarações de Jesus, no fim do jogo, sobre Capdevilla, embora no fim as tivesse tentado remediar.

Sem Aimar, este ano, o Benfica ganhou sempre. E o jogo de ontem confirmou a regra.

A equipa de arbitragem esteve bem e os jogadores também não complicaram.

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