BENFICA VENCE EM WHITE HART LANE
Antes falar sobre o jogo de hoje, em Londres, contra o Tottenham, convém fazer dois esclarecimentos,
ambos relacionados com o treinador do Benfica, Jorge Jesus.
Em primeiro lugar, é verdade que durante as quase cinco
épocas que o Benfica leva sob a orientação de Jesus, a equipa tem tido uma boa
prestação na Liga Europa. Muito melhor do que aquilo que infelizmente vinha
sendo hábito nos quinze anos anteriores à sua chegada ao Benfica. Esta
prestação, porém, não pode nem de perto nem de longe comparar-se com as
gloriosas jornadas europeias que o Benfica fez, no século passado, durante toda a década de
sessenta e parte da de setenta, além naturalmente de duas brilhantes épocas no
fim da década de oitenta. E não pode haver comparação possível porque as
jornadas gloriosas do Benfica aconteceram na Taça dos Campeões Europeus, que é
prova rainha do futebol europeu, e não na segunda divisão europeia que é, quer
se queira quer não, a Liga Europa. Na Liga dos Campeões, Jesus nunca fez nada de
assinalável. Pelo contrário, tem sido quase sempre eliminado. Ronald Koeman fez
melhor do que ele.
Em segundo lugar, o Benfica, o grande Benfica, tem por
tradição respeitar os seus adversários. Ora, já é a segunda vez que Jorge Jesus
é apanhado como um vulgar rufia a provocar o treinador da equipa adversária
sempre que o Benfica está a fazer uma grande exibição. Já fez isso com Manuel
Machado e voltou a fazê-lo hoje com o treinador do Tottenham. O gesto de Jesus
é antidesportivo e se há país no mundo onde tal gesto nunca se justificaria é
exactamente na Inglaterra. Mais uma vez foi o seu adjunto que veio em seu
socorro, adjunto que ele mais uma vez empurrou prepotentemente. Jesus nem
sequer tem legitimidade para se tornar arrogante com as vitórias porque a ele também
estão ligadas algumas das mais humilhantes derrotas do Benfica. Que se lembre disto e que não arranje desculpas esfarrapadas para o seu comportamento.
Dito isto, que nada tem a ver com o brilhantismo com que o
Benfica se tem exibido desde que foi eliminado da Liga dos Campeões, tem de
dizer-se que o Benfica fez uma notável exibição em Londres onde Luisão brilhou
a grande altura.
O Tottenham é uma das melhores equipas inglesas logo a seguir
aos quatro grandes, agora cinco desde que o M. City passou a estar nos lugares
cimeiros da Premier League. E é sempre difícil vencer em Inglaterra. Aliás, há
muitos, muitos jogos, que o Tottenham não perdia em casa para a Europa. Não terá
sido um jogo tão emocionante como o de 1961, que o Benfica perdeu por 2-1, mas
em que garantiu a passagem para a final da Taça dos Campeões Europeus, mas terá
sido certamente ao nível da Liga Europa um grande jogo e uma excelente
exibição.
De sublinhar o primeiro golo de Rodrigo, que também realizou
uma excelente exibição, marcado com a técnica que somente um grande jogador tem.
E sublinhar acima de todos, Luisão, que esteve imperial na defesa e excelente
no ataque, onde fez dois golos. O terceiro golo do Benfica, o segundo de
Luisão, é sem qualquer exagero um golo à Eusébio! Um golo muito parecido com o
que Eusébio marcou ao Brasil no Mundial de 66.
Jesus deixou no banco Gaitan, Lima e Enzo Pérez, tendo posto
a jogar Cardozo, Ruben Amorim e Sulejman, além de Sílvio ter substituído Maxi
Pereira. Mas depois do golo do Tottenham fez entrar os habituais titulares.
Cardozo não tem jogado, não tem ritmo nem está muito habilitado a este sistema de jogo.
Enfim, uma vitória por 3-1 e uma grande noite em Londres.
No outro jogo de outra equipa portuguesa o Porto ganhou este
ano pela primeira vez em casa para as competições europeias, derrotando o
Nápoles por 1-0. Um resultado que nos jogos a eliminar em princípio chegará
para passar, se o Porto estiver à sua altura…o que este ano raramente tem
acontecido:
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