BENFICA MAIS NA FRENTE
Ontem no Bonfim, contrariamente ao que muitos esperavam ou
temiam, o Setúbal não só não facilitou a vida ao Sporting como o colocou em
sérias dificuldades durante grande parte do encontro, batendo-se de igual para
igual com a equipa de Alvalade.
O jogo ficou, porém, manchado por uma arbitragem desastrada
que cometeu vários erros, alguns deles verdadeiramente inaceitáveis e apenas
compreensíveis pelo desnorte que a partir de determinada altura se apoderou da
equipa de arbitragem.
De facto, o que se passou é quase único nos anais da
arbitragem portuguesa: nenhum dos quatro golos é legal. O primeiro golo do
Sporting não entrou. Pelo menos, ninguém pode garantir que tenha entrado. O primeiro
do Setúbal foi marcado em fora de jogo: foi um off side milimétrico, difícil de
ver, mas foi off side. O penalty que deu o 2-1 ao Sporting não existiu: Capel
deveria ter sido punido com um amarelo. Logo depois o penalty que deu o empate
ao Setúbal também não existiu. Verdadeiramente, o único golo legal foi aquele
que o árbitro invalidou ao Sporting.
Isto não quer dizer que o empate não tenha sido justíssimo já que o Sporting não desenvolveu futebol suficiente para merecer ganhar o jogo concludentemente. Foi uma
partida disputada taco a taco em que qualquer um dos dois poderia ter ganho…ou
empatado que foi o que aconteceu.
E também ninguém poderá afirmar que se o árbitro tivesse
validado o único golo legalmente existente a vitória seria do Sporting. Tanto
poderia ser como não ser.
Agora aguarda-se uma tremenda choradeira indignada do
Sporting que vai tentar fazer crer, como já ontem começou a tentar, que o árbitro
foi o único responsável pelo empate. Mas não foi. Como o Sporting não tem fair play e encontrou no discurso da
vitimização o seu terreno favorito para compensar as suas insuficiências jamais
reconhecerá que se deve exclusivamente à sua prestação o empate em Setúbal. E
isto é tanto mais chocante quanto é certo o Setúbal não ter à sua disposição os
mesmos meios para responder, apesar de ser um histórico do futebol português.
Na próxima jornada o Sporting terá a sua derradeira e
verdadeira prova de fogo: ou ganha ao Porto e consolida-se no segundo lugar com
acesso directo à Liga dos Campeões ou não ganha e terminará a época sem ganhar a
um grande, correndo o sério risco de, ao menor deslize, ver fugir-lhe o segundo
lugar.
Entretanto, o Benfica vai-se consolidando no primeiro lugar
com sete pontos de vantagem sobre o Sporting e nove sobre o Porto. Ontem,
derrotou o Estoril que, contrariamente ao que aconteceu na época passada, não
teve argumentos para se opor ao Benfica. Perdeu por dois zero (Luisão e
Rodrigo), mas poderia ter perdido por mais.
Jesus tem resistido à tentação de lançar de início Salvio e
Cardozo, mantendo na frente Markovic, Rodrigo, Lima e Gaitan, que têm permitido
que a equipa jogue de forma mais coesa e segura. Não sofrendo qualquer golo há
muitos jogos e tendo marcado em todos, O Benfica tem todas as condições para ganhar
o campeonato, apesar dos desafios que ainda tem pela frente, nomeadamente fora
de casa: Nacional, Arouca, Braga e Porto.
Paulo Fonseca deixou o Porto a meio da semana e foi
substituído por Luís Castro, um homem da casa. Todos terão ficado a ganhar:
Paulo Fonseca que não tinha condições psicológicas para continuar, o Porto que
estava completamente inibido com Paulo Fonseca e os jogadores que se vão sentir
mais libertos. Ainda é, porém, cedo para avaliar os verdadeiros resultados da
substituição. A vitória de ontem por 4-1 contra o Arouca é enganadora e não
reflecte o que se passou em campo durante a maior parte do jogo. O Porto esteve
durante cerca de meia hora mais perto de empatar do que de ganhar e só mesmo na
ponta final do jogo a questão se resolveu a seu favor.
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