O QUE IMPORTA
ACAUTELAR
O Sporting é dirigido por fascistas? A liderança do Sporting
é de tipo fascista? Bem sabemos que o fascismo é uma doutrina política que visa
pôr em prática um projecto de sociedade. Seguramente, para felicidade de todos
nós, o Sporting não tem capacidade para tanto, nem a ordem política portuguesa lho
permitiria.
Sucede, porém, que no governo de entidades de natureza
associativa que funcionam com relativa autonomia é possível tentar pôr em
prática princípios e características semelhantes aos que norteiam as sociedades
fascistas. Assim, o poder absoluto do chefe e a idolatria com que é seguido; o
desrespeito, melhor dizendo, o desprezo pelos adversários imediatamente
transformados em inimigos a abater; a completa ausência de debate e de
pluralismo de opiniões; o desprezo pela lei e pelas mais elementares
liberdades.
O rosário poderia continuar ou até ser apresentado com outra
elaboração. Mas basta o que está dito. E a partir do que está dito não é
difícil perceber que a actual liderança do Sporting e os seus principais
sequazes perfilham princípios e põem em prática ideias muito parecidas com as que
governam as sociedades fascistas.
O presidente do Sporting é idolatrado pela generalidade dos
adeptos, sejam eles trabalhadores indiferenciados e incultos ou catedráticos.
Diga ele o que disser, faça ele o que fizer, é imediatamente apoiado por todos
eles e todas as suas actuações são justificadas, com argumentação pretensamente
elaborada ou não, consoante o apoiante, por mais grotescas e malcriadas que
elas sejam. Tudo em nome do “supremo interesse” que o líder define e tem por
meta concretizar.
O Sporting não tem adversários. O Sporting tem inimigos. Muitos
inimigos! Inimigos que devem ser abatidos, neutralizados por qualquer meio. O
Sporting, a actual liderança do Sporting, não aceita no seio da sua
colectividade qualquer divergência de fins, qualquer diferença de opinião,
qualquer interpretação ou apreciação que não seja a veiculada pelo presidente.
Quem ousar divergir é expulso, ameaçado de expulsão e vilipendiado na praça
pública. Finalmente, o Sporting, em nome de fins que são exclusivamente seus,
não aceita a hegemonia da lei. O Sporting quer em todas as ocasiões e para
todos os casos uma lei à sua medida. Seja ela a lei do futebol, a lei que regula
o jogo ou a lei aplicável a todos os cidadãos. Em todas estas situações a
liderança do Sporting exige um tratamento à medida dos seus interesses. E
insulta, calunia ou ameaça, não tendo qualquer pejo em adoptar os
comportamentos mais grosseiros ou usar as expressões mais abjectas, sempre que
a norma que lhe deve ser aplicada se não ajusta à medida dos seus
interesses.
Evidentemente que estes comportamentos do presidente e dos
demais órgãos directivos do Sporting não teriam grande importância, ou dizendo
de outro modo, até teriam muito pouca importância e morreriam pelo ridículo se
não fosse dar-se o caso – e dá-se –
de os princípios em que os mesmos se inscrevem serem fielmente seguidos
por uma legião de adeptos e simpatizantes, alguns dos quais com assento regular
nos principais órgãos de informação, sejam eles da imprensa escrita, radiofónica
ou televisiva.
Todos estes sequazes da liderança sportinguista, tão
fanatizados quanto ela, propagam semanalmente, em vários dias da semana, a
mesma semente de ódio e de intolerância que o presidente regularmente alimenta
sempre que os seus interesses não são atingidos.
O que se passou no último fim-de-semana, depois do jogo com o
Tondela, em que o Sporting empatou por via de uma excelente exibição da equipa
beirã, é o exemplo acabado de tudo o que acima se afirma.
Em uníssono com o presidente, os fanatizados adeptos com voz
na comunicação social recusaram-se todos eles, com excepção da posição mitigada
assumida apenas por um, a “ver” o que todo o mundo viu, continuando a alimentar
um clima de confronto que pode ter consequências nefastas para o futebol em
Portugal. Recusaram-se todos eles a censurar o comportamento, por palavras e
por actos, do presidente do Sporting. Todos eles, sem excepção, estavam também de
acordo em que um acto legal (jogar a bola com a cabeça) tivesse sido gravemente
punido (penalty), por esta ser a consequência
coincidente com os interesses do Sporting.
Insisto, desde os assalariados que representam a “voz do
dono” (apesar de já terem tido outros donos), passando pelos licenciados, até
aos catedráticos, todos, sem excepção, aplaudem o comportamento do presidente e
julgam-no justificado.
Se as autoridades não actuarem rapidamente com muita firmeza,
sejam elas as autoridades desportivas ou outras, isto vai acabar mal. Pelo caminho
que as coisas vão, isto vai acabar muito mal!
É preciso actuar e punir exemplarmente!
1 comentário:
Há de facto um jiadysmo no Sporting, como agora se torna evidente com a proibição de os atletas usarem qualquer tipo de vestuário ou acessórios com a cor vermelha. O Sporting é uma espécie de Arábia Saudita do futebol!
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