domingo, 24 de outubro de 2010

COM DI MARIA ATÉ MOURINHO É DIFERENTE





...E CRISTIANO RONALDO TAMBÉM

Por cada jogo do Real Madrid a que os adeptos do Benfica assistem, mais se intensifica o choro pela partida de Di Maria.
Com Di Maria e Ramires no time, o Benfica, muito provavelmente, estaria à frente do campeonato, com o Porto a dois pontos.
Só que esta conversa, como ontem aqui disse a propósito do septuagésimo aniversário de Pelé, não faz qualquer sentido. A história não tem “ses".
Acontece que no caso do actual Benfica faz algum sentido…porque Jorge Jesus continua a jogar como se tivesse na equipa aqueles dois jogadores. Os jogadores contratados este ano foram comprados para que o Benfica continuasse a jogar da mesma maneira. Foram comprados para substituir Di Maria e Ramires.
Como se vê, o erro não poderia ser maior. Se cá dentro a coisa ainda pode ser disfarçada – e não pode, quatro derrotas provam o contrário – lá fora, então, a insistência é um profundo desastre.
O Benfica não pode jogar apenas com Javi Garcia a pivot à frente da defesa e depois com uma linha média composta por Gaitan, Aimar, Carlos Martins e Saviola (um pouco mais recuado do que habitualmente).
O ano passado isso poderia fazer-se com Ramires, Aimar, Saviola e Di Maria, porque Ramires cobria todo o jogo ofensivo da equipa adversária, nomeadamente, mas não só, o veiculado pelo meio e pela direita e Di Maria, sem quase participar no jogo defensivo, empurrava o jogo para a frente como nunca ninguém – no futebol moderno – fez no Benfica
Há assim um duplo erro de Jesus: em primeiro lugar, comprou jogadores para substituir os ausentes que nem de perto nem de longe têm as mesmas características; em segundo lugar, insiste em jogar com os novos jogadores da mesma maneira que antes jogava, acreditando, contra a evidência dos factos, que eles podem jogar da mesmo modo.
No meio de tudo isto, quem brilha é o Real Madrid, que parece uma máquina tão ou mais eficiente que o Benfica do ano passado.
Evidentemente que o mérito é de Mourinho, principalmente pela inteligência, pois não tendo abdicado de certos princípios fundamentais do seu futebol – grande solidez defensiva (e lá temos Xabi Alonso e Khedira a jogar, a par, à frente da defesa e um dos médios ala a defender, neste caso Di Maria) – soube perceber que tinha jogadores muito diferentes dos do ano passado e até dos que teve no Chelsea e pôs a equipa a jogar de outra maneira, de acordo com as suas mais valiosas características.
E é por isso, por ter estes jogadores, que o futebol de Mourinho está diferente, mantendo-se Mourinho igual. Di Maria está hoje melhor do que no Benfica (porque também defende) e Ronaldo também (menos individualista, mais jogador de equipa). Ou seja, se Mourinho melhorou Di Maria, também é verdade que Di Maria mudou, alterou, o futebol de Mourinho.
Esta seria, insisto uma vez mais, a lição que Jorge Jesus, à sua dimensão e à dimensão dos jogadores que tem, deveria aprender.

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