sábado, 23 de outubro de 2010

SINGULARIDADES DA JUSTIÇA NO PORTO





MAIS UM CASO

Não vale a pena fazer de conta que não sabemos: a justiça no Porto, em tudo quanto diga respeito a futebol, está sob suspeita. Podem assistir-lhe as melhores razões do mundo, mas depois daquilo que todos ouvimos e daquilo que a observação quotidiana nos ensinou, há razões para que a suspeita exista. E não é o alegado cumprimento das normas do Código Processo Penal que vai dissipar essa suspeita.
Ricardo Bexiga, vereador na Câmara de Gondomar, foi agredido por vários encapuzados no parque de estacionamento da Alfândega do Porto. Bexiga sempre criticou a promiscuidade entre o futebol e a política e era persona non grata dos meios dirigentes desportivos dominantes na cidade.
Carolina Salgado, depois de terminado o seu namoro com Pinto da Costa, acusou o Presidente do Porto de ter perpetrado o ataque a Bexiga e de ela própria ter feito os contactos e os pagamentos aos executantes do crime.
Em consequência da investigação foram constituídos arguidos Pinto da Costa, o chefe da claque do Porto, Superdragões, e Carolina Salgado.
Apesar de o processo ter sido integrado na investigação dos casos relacionados com o Apito Dourado, sob a direcção de Maria José Morgado, ele foi mais tarde arquivado pelo DIAP do Porto, por falta de provas!
Obviamente, que se as provas eram apenas testemunhais, se não havia (por culpa da polícia de investigação) vestígios de outra natureza que pudessem contribuir para identificar os executantes, os visados pela acusação de Carolina Salgado, bem como aqueles com quem ela diz ter contactado posteriormente (Lourenço Pinto) iriam naturalmente negar todas as suas afirmações, como não poderia deixar de ser.
Face a testemunhos de igual valor, o MP louvou-se nos do sr. Pinto da Costa, do chefe dos superdragões, do sr. Lourenço Pinto e ordenou o arquivamento do processo.
Mais tarde, em consequência deste resultado, Carolina Salgada foi acusada de difamação agravada…e foi ontem condenada a dez meses de prisão, convertidos em 300 dias de trabalho comunitário.
Moral da história: Carolina Salgada não tem credibilidade, nem honorabilidade de nenhuma espécie; a honorabilidade está toda do lado de Pinto da Costa e também da Justiça do Porto que trata do futebol, a qual, pelo facto, de ser justiça, está sempre acima de qualquer suspeita!
Segunda moral da história: na Palermo dos “bons velhos tempos” os traidores eram eliminados; no Porto, fazem “trabalho comunitário”.
Terceira moral da história: para que o trabalho comunitário não constitua um meio de propagação das “virtudes morais” de Carolina Salgado à comunidade, será de esperar que a entidade encarregada da execução da pena lhe arranje um trabalho isolado, sem contactos de qualquer espécie.
Quarta e derradeira moral da história: Ricardo Bexiga ficou com uma grande sova, um braço ao peito, dezassete pontos na cabeça (e teria ficado com muito mais se não fosse perito em artes marciais) e nós ficamos todos muito tranquilos porque Pinto da Costa e seus acólitos, neste caso e em todos os demais em que estiveram envolvidos no Apito Dourado, foram absolvidos em homenagem ao princípio “in dubio pro reo”, que também é um princípio fundador da personalidade de Pinto da Costa. Ou seja, está tudo bem, porque ficamos todos em casa….

2 comentários:

Zé_dopipo disse...

Completamente de acordo consigo! Acho escandaloso que o testemunho de uma pessoa tão integra, honesta e desinteressada como a D. Carolina, não seja suficiente para mander ninguém para a cadeia.
Sem dúvida que é uma afronta a qualquer pessoa de bem e uma vergonha para a justiça no Porto, seja isso lá o que for.
Bem haja pela pérola de cultura e pelo enorme sinal de inteligência, dessasombro e coragem com que nos prenda.

Ricardo Viana de Lima disse...

Só me resta retribuir e igualmente enaltecer tanta inteligência, tanto civismo, tanta imparcialidade e tanto desassombro.
O Bibi também era muito honesto, muito íntegro, muito desinteressado...mas a verdade é que levava alguém com ele ou intermediava encontros. E todavia...
Assim é que a gente progride. O que interessa é "quem as leva" fique com elas e outros que se amanhem. e quando se fala em "quem as leva" tanta pode ser porrada, como notas, muitas notas, de euros ou outras coisas do género. E assim se faz a justiça...seja lá isso o que for.
Muito obrigado pelo seu comentário e bem haja pelo contributo que nos deu para o progresso da sociedade portuguesa