MELHOR, SÓ GANHAR O CAMPEONATO
Os benfiquistas não devem ter vergonha de o dizer: este era o primeiro e um dos principais objectivos da época. Se o Benfica falhasse a Liga dos Campeões a época estaria perdida, acontecesse o que acontecesse nas quatro provas que ainda tinha para disputar.
Primeiro que tudo pelo prejuízo económico que tal exclusão causaria ao clube; depois pela desmoralização que se apoderaria da equipa; e, finalmente, pela instabilidade que a eliminação necessariamente acarretaria.
Alcançado este objectivo, o Benfica já quase ganhou a época. Melhor apenas a vitória no campeonato; pior não ficar pelo menos em segundo lugar na superliga.
Isto não quer dizer que o Benfica não deva ter ambição relativamente ao que ai vem. Claro que deve. O que quer dizer é que sem “isto” o resto ruiria como um castelo de cartas.
Postas as coisas no seu devido lugar, interessa acrescentar que é com todo o mérito que o Benfica alcança a fase de grupos da Liga dos Campeões, ainda por cima no pote 2. Passou com todo o mérito a eliminatória contra o Trabzonspor (2-0 e 1-1), que afinal vai ser repescado, e com classe a difícil equipa da Holanda, o Twente (2-2 e 3-1), que lhe calhou na segunda eliminatória.
Os holandeses têm um jogo leal: gostam de jogar futebol, buscam o golo e o espectáculo. Com equipas destas o Benfica dá-se bem. Tem um jogo semelhante, só que superior. Essa a razão porque marcou dois golos na Holanda e três na Luz. De facto, mesmo quando estava a ganhar por 3-0, o Benfica não fez anti-jogo, nem procurou gerir o resultado e o tempo. Pelo contrário, tentou sempre marcar o quarto, que teria merecido, acabando por sofrer um golo que o futebol do Twente esta noite na Luz não justificou.
Na primeira parte o Benfica poderia ter marcado por várias vezes e seria perfeitamente razoável que tivesse partido para o intervalo, pelo menos, com dois golos de vantagem.
Acabou por fazer no segundo tempo, o que não conseguiu no primeiro: dois golos de Witsel e um de Luisão no contexto de uma grande exibição puseram fim à questão que atormentava os benfiquistas: o acesso à Liga dos Campeões.
A equipa jogou muito bem, embora um futebol como o holandês seja o ideal para uma equipa como o Benfica. Analisando os vários sectores da equipa:
Artur esteve excelente, como sempre, quando é chamado a intervir e lá fez mais uma vez a tal defesa impossível…Na defesa, Garay fez o seu melhor jogo ao serviço do Benfica; Luisão esteve ao seu nível e Emerson é um defesa pouco exuberante, mas muito seguro. Maxi ainda não está ao seu nível, apesar de vir a melhorar de jogo para jogo. Na linha média, todos estiveram excelentes: Aimar derrama classe; Witsel é um portento; e Javi parece outro já que não tem, como era justo e humano, de ter a seu cargo todo o trabalho do meio campo. O ataque, individualmente falando, foi talvez o sector mais fraco: Gaitan falhou um golo e tarda a ganhar a grande forma do ano passado; Cardozo rematou muito, mas quase sempre mal, a ele se tendo ficado a dever menos um golo numa jogada em que tendo Witsel ao lado com a baliza escancarada preferiu rematar para mais uma defesa do guarda-redes holandês (coisa que Witsel, como grande jogador que é, em condições semelhantes, não faz, como já demonstrou); e Nolito foi muito cedo “castrado” por Jorge Jesus, que, sem razão, lhe reprovou não ter concluído de outro modo uma jogada de golo. Nolito, porém, fez o que deveria ter feito: tentar marcar. Mas vê-se que Jesus tende a contrariar uma certa exuberância de Nolito por temer que ela redunde em prejuízo da equipa. Mas sem razão. Nolito, tal como é, faz muita falta ao Benfica e ao público. Jesus deveria tê-lo deixado concluir o jogo. Nolito, sem prejudicar a equipa, estava interessado em marcar o sexto golo ao serviço do Benfica em jogos oficiais. Jesus, com 3-0 no marcador, não lhe deveria ter roubado essa possibilidade. O Benfica precisa de um Nolito muito moralizado.
Os que entraram no decurso do jogo: Bruno César, Matic e Saviola não comprometeram, mas também não estiveram ao nível dos substituídos. O que se compreende, por o resultado já estar feito.
Amanhã, a pior coisa que poderia acontecer ao Benfica seria um grupo constituído pelo Barcelona, Manchester City e Borússia Dortmund ou Nápoles. Excluído um grupo com esta composição, apenas interessa não cair no grupo do Barcelona.
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