domingo, 21 de agosto de 2011

O BARCELONA-REAL MADRID AINDA NÃO ACABOU

Puyol, Casillas y Piqué


MOURINHO EM APUROS

 Como se previa e como aqui foi amplamente antecipado, Mourinho vai ter muita dificuldade em acabar a época no Real Madrid e, se tal acontecer, essa será seguramente uma derrota maior do que os 5-0 que levou do Barça.
Estão longe de se extinguir as sequelas dos eventos do último jogo do Real Madrid em Barcelona. Tudo o que ao longo destes dias se tem vindo a conhecer, mais não é do que a prova do profundo mal-estar que reina no Real em consequência do comportamento de Mourinho à frente da equipa.
Para além daquilo que foi revelado através de imagens, sabe-se agora que Mourinho, ao contrário do que ele vinha tornando público, considerava de extrema importância a vitória na Supercopa. Com dez dias de vantagem na preparação sobre o Barcelona, Mourinho “impôs” a vitória aos seus pupilos, importantíssima do seu ponto de vista pelo efeito desmoralizador que teria sobre os catalães.
Para isso deu-lhes instruções muito seguras sobre como actuar. Não adornar as jogadas; jogar rápido, vertical e simples, em poucos toques, para evitar os contra-ataques conduzidos por Messi. Intimou-os também a jogar duro quando não tivessem a bola, já que nenhum árbitro – disse-lhes Mourinho – teria a coragem de mostrar um amarelo a um jogador do Madrid nas duas primeiras faltas.
As coisas correram mal, como se sabe, e do balneário saíram críticas responsabilizando o treinador pelo sucedido. Segundo os jogadores, o último golo do Barcelona resulta de um incorrecto posicionamento de Coentrão que, não tendo rotina do médio, mas apenas de lateral ou extremo, posicionou-se defeituosamente. Os colegas, porém, não o culpam a ele, mas sim a Mourinho.
Em todo o caso, a imprensa espanhola lá vai dizendo que Coentrão no meio do campo recuperou apenas uma bola, contra oito do Xabi Alonso na segunda parte e acrescentam que Marcelo, no segundo tempo, como defesa esquerdo, recuperou mais do dobro das de Coentrão na primeira.
Hoje os jornais espanhóis trazem mais desenvolvimentos sobre o jogo da Supercopa e sobre Mourinho.
Nos primeiros oito meses de Mourinho em Madrid, Casillas, o capitão do Real e da selecção, afastou-se completamente da política de comunicação de Mourinho, bem como do “grupinho” dos jogadores de Jorge Mendes, que no fim dos treinos ficava nas imediações relvados de Valdebebas a conversar com o treinador e com o empresário. Segundo se diz, Casillas passava ao largo para nem sequer ter de lhes falar. Depois insurgiu-se publicamente contra o egoísmo de Ronaldo e Mourinho queixou-se publicamente de não ser acompanhado pelo capitão na defesa da equipa. Florentino Pérez terá então pedido a Casillas, grande símbolo do Real, que fizesse demonstrações públicas de lealdade a Mourinho. Foi a partir de então que Casillas passou a dizer aquilo que o treinador queria que ele dissesse, a ponto de ter entrado em conflito com alguns dos seus grandes amigos da selecção, nomeadamente Xavi.
No jogo da passada quarta-feira, Casillas foi muito criticado por ter dito que Fabregas, seu companheiro de selecção, estava a fazer teatro. Porém, depois de ter visto repetidas vezes a entrada de Marcelo, rectificou a sua posição e telefonou a Xavi e a Puyol, para lhes dizer isso mesmo.
A selecção falou mais alto. Entre seguir acriticamente Mourinho e desagregar a selecção, Casillas defendeu a Espanha, como se previa e como os espanhóis de todos os clubes desejariam.
Entretanto, Mourinho passou a ser internamente muito mais crítico de Ronaldo que, como toda a gente viu, não se meteu na confusão, ficou a falar tranquilamente com Iniesta e também já deu público conhecimento pelo desconforto que para ele representa entrar numa partida contra o Barcelona numa posição defensiva.
Em resumo: aquilo que Mourinho mais prezava e que julgava controlar – a privacidade do balneário – está hoje completamente posto em causa: a devassada é da responsabilidade dos jogadores, e não de outros sectores, que vão, anonimamente, dando conta do que lá se passa e do seu estado de espírito. E tudo isto vai “corroendo” Mourinho e fazer aumentar a paranóia de que já dá claros indícios quando pretende fazer crer que está lutando sozinho….contra todos!

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