OUTRAS NOTAS SOBRE A
JORNADA EUROPEIA
Mais uma vez o treinador do Benfica, na véspera de um
importante jogo para a Liga Europa, contra uma grande equipa alemã, fez
declarações incompreensíveis para a maior parte dos adeptos.
Não só repete o que já tinha disto antes do encontro de
Leverkusen – o campeonato é a prioridade, o jogo contra o Paços de Ferreira é
mais importante – como acrescenta a inacreditável previsão (desejo?) de que das
duas equipas que em Portugal lutam pelo título terá mais hipóteses a que primeiramente for
eliminada das competições europeias.
Interpretado à letra, isto deixa aso a que se diga que Jesus está ansioso
que o Benfica seja arredado da Liga Europa. É essa a mensagem que parece
transmitir aos seus jogadores. Uma mensagem de um treinador pouco ambicioso e
nada confiante nas capacidades da equipa para se bater em várias frentes.
Que garantias tem Jesus na vitória no campeonato se o Benfica
for eliminado, logo à noite, da Liga Europa e, por acréscimo, na próxima quarta-feira, da Taça
da Liga, contra o Braga? Nenhumas, absolutamente nenhumas, como se viu nos dois
últimos anos.
Obviamente que estar em quatro frentes nesta altura da época
é obra e raros são os que não sucumbem. Mas isso não significa que as
equipas com ambição, com plantéis caríssimos, não devam tudo fazer para se manter
nas respectivas provas, a lutar pelos títulos, até ao fim. Ao treinador cabe
fazer a gestão desse esforço, doseando-o inteligentemente pelos
diversos elementos do grupo.
Jesus conta, porém, com uma contrariedade: os jogadores estão
muito interessados na prova europeia e tudo farão para nela se manter o mais
tempo possível. É com essa vontade que os benfiquistas contam.
Entretanto, a jornada europeia da Champions League terminou com uma quase irrecuperável derrota do
Barcelona frente ao Milan, em San Siro. Os catalães dão-se mal com os ares de
Milão, seja com o Inter, seja com o Milan. O jogo de ontem à noite foi dos mais
pobres que o Barcelona fez nos últimos cinco anos.
O Barcelona pode queixar-se do árbitro por o primeiro golo
ter sido marcado na sequência de uma mão não assinalada, mas já só se pode
queixar de si próprio por ter feito durante todo o jogo um único remate à
baliza!
Além de Messi ter estado quase ausente do jogo - ver-se-á
mais tarde se por acaso ou por estar a pagar o preço de uma época intensa –, o Barcelona
continua demonstrando grande fragilidade defensiva. Na próxima época vai ter de
rever de alto a baixo a sua linha defensiva. Piqué está longe de dar garantias
e dá-las-á tanto menos quanto mais o trio maravilha do meio campo demonstrar
saturação e cansaço. Puyol ainda é dos quatro da defesa o melhor, mas a sua
imensa combatividade e vontade de vencer não vão ser suficientes para superar outras
limitações, que o tempo necessariamente impõe. Se esta questão não for
resolvida com tempo, afiguram-se tempos difíceis para o Barcelona.
Ver-se-á até meados de Março quem em Espanha segue em frente na
Champions. Tal como as coisas estão, não seria de admirar que não seguisse
ninguém. Málaga, Barcelona e Real Madrid podem todos ser eliminados. Ainda
assim, o que tem mais hipóteses de passar é o Real Madrid. Mourinho tem muita
sorte nas provas a eliminar.
Quanto ao jogo do Porto, continua o silêncio na imprensa
portuguesa (e também nas televisões) sobre o golo de Moutinho. O que não se
compreende tanto mais que o off side
é óbvio. O Porto apesar de não ter desfrutado de nenhuma outra ocasião de golo,
exerceu um domínio intenso sobre o Málaga e está fisicamente muitíssimo mais
forte. Tem, portanto, todas as possibilidades de passar.
Para terminar, uma nota mais. Corre na imprensa europeia que
Villas-Boas será o substituto de Mourinho no Real Madrid. Seria uma boa solução
para o Real Madrid. Villas-Boas não só é um grande treinador, como um homem
inteligente capaz de imediatamente perceber a “idiossincrasia” dos merengues. Além
de que é uma pessoa educada no verdadeiro sentido do termo.
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