A "INTELIGÊNCIA BACOCA"
DOS COMENTADORES
Não há nada mais nocivo ao futebol português do que os
comentadores que semana após semana aparecem nas televisões a emitir opiniões
sobre os jogos da jornada. Salvo raríssimas excepções, eles causam no
espectador uma tão forte repulsa pelo fenómeno desportivo que só por este ter
mesmo muita força consegue resistir a quem o trata tão mal. E então os chamados
comentadores dos clubes são execráveis. Nem mais nem menos: execráveis. Os do Sporting
são os grandes responsáveis pelo clube estar na posição em que se encontra e a
analisar pelo que se continua a ver parece que não descansarão enquanto não
puserem o clube na segunda divisão.
Mas os que escondem (com o rabo de fora) a sua cor clubista
não são melhor. Pelo contrário, até conseguem em muitos casos ser pior. Umas
vezes por paixão clubista exacerbada e falsamente escondida, outras por medo
dos grandes patrões da bola que não se ensaiam nada para os pôr na prateleira
se desalinham da norma estabelecida.
Tudo isto vem a propósito da vitória de hoje à noite do Porto
contra o Málaga. Toda a gente viu que o golo foi marcado em fora de jogo. E
quem não viu à primeira poderia ter visto à segunda ou à terceira. Mas não:
quiseram esconder o que não poderia ser escondido. Não pararam nunca a imagem –
e este é dos poucos casos em se que justifica a imagem parada – e quiseram enganar o
espectador. Como se por essa Europa fora não houvesse mais televisões. Eles que
param a imagem por tudo e por nada, a maior parte das vezes para distorcer a
realidade, desta vez nada fizeram. Nem as famosas linhas puseram. Enfim, uma
vergonha.
A vergonha não é a vitória ter sido obtida com um golo
ilegal. Isso acontece, infelizmente. A vergonha é tentar esconder isso. É certo
que esse erro pode ser decisivo no desfecho da eliminatória, mas nem por isso
deixa de ser verdade que coisas dessas acontecem por mais atentos que os
árbitros estejam. Toda a gente se recordará daquela vitória na Liga dos
Campeões do Porto de Mourinho, por caso obtida contra duas equipas da 2.ª divisão (o
Deportivo da Corunha e Mónaco) – facto de que o Porto não tem culpa nenhuma),
ter sido obtida com um erro gigantesco cometido pelo árbitro no jogo do Porto
contra o Manchester United nas Antas – um golo indevidamente anulado. Um golo
que se tivesse sido validado tudo poderia ter sido diferente.
No jogo desta noite o Porto foi indiscutivelmente superior,
sem contudo ter criado verdadeiras oportunidades de golo, além do golo. O
Málaga é inferior, embora tenha uma boa defesa e um meio campo defensivo que
actua com muito rigor. Mas o ataque não existe. E Roque Santa Cruz é agora uma
completa nulidade. Incrível como Pellegrini permitiu que acabasse o jogo.
O Porto parece ser este ano cada vez mais Moutinho. E depois
a um nível diferente, mas muito eficaz, Sandro (o tal que eles, os comentadores
do Porto, diziam que não jogava nada quando comparado com Álvaro Pereira!) e à
frente, como finalizador, com grande porte atlético, Jackson Martinez. E é tudo
em matéria de individualidades, salvo uma nota para a excessiva dureza de
Mangala. Mas apesar da falta de verdadeiros artistas, a equipa como conjunto é
sólida, muito sólida. E por isso ganha e não deixa marcar golos ao adversário.
E foi o que hoje mais uma vez aconteceu!
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