CONDECORADO PELO
GOVERNO PORTUGUÊS
Mário Esteves Coluna é juntamente com Eusébio a maior glória
do futebol benfiquista e um dos nomes incontornáveis da história do futebol português.
Chegado a Portugal nos longínquos anos de 1954, vindo do Desportivo de Lourenço
Marques, Coluna logo se impôs na equipa do Benfica, treinada pelo célebre Otto
Glória – o homem que tirou o futebol português da época da “pedra lascada” e protagonizou
a sua primeira grande modernização; a segunda haveria de caber a um outro
treinador, também do Benfica, Steven Goran Erickson.
Coluna iniciou a sua carreira no Benfica no mesmo ano que Otto Glória havia chegado ao clube. Otto Glória renovou a equipa – a primeira grande
renovação dos pós guerra - apostando fortemente em jogadores oriundos das ex-colónias, modernizou os métodos de treino, introduziu o
famoso 4-2-4 e o profissionalismo no futebol português. Juntamente com Coluna, sob a direcção de Otto Glória, entraram
para a equipa do Benfica nesse ano Costa Pereira e Naldo, vindos ambos de
Lourenço Marques, e depois Pegado, Garrido e Chipenda, para se juntarem àqueles que eram então as grandes vedetas do
Benfica – José Águas, Caiado, Ângelo, Arsénio, Artur, Palmeiro, entre outros.
Estreou-se oficialmente no Estádio Nacional contra o Setúbal em 12 de
Setembro com uma vitória por 5-0, tendo marcado dois golos.
Logo no ano da chegada a Portugal Coluna ganhou o Campeonato
e a Taça de Portugal. Foi o ano em que se inaugurou o Estádio da Luz – 1 de
Dezembro de 1954 – a que sempre terá de ficar associado o nome desse grande
benfiquista, verdadeiro símbolo da matriz popular e democrática do clube –
Joaquim Bogalho. Foi também nesse ano que o Benfica fez uma célebre digressão
ao Brasil, Rio de Janeiro e São Paulo, na qual Coluna e Costa Pereira foram
muito elogiados pela exigente imprensa brasileira, pelas grandes exibições que
realizaram no Maracanã e em S. Paulo.
Depois, a partir de 1959/ 60 e durante três épocas é o "reinado" do grande Bela Guttman e da equipa maravilha do Benfica, na qual Coluna assumiu o papel indisputado de "grande partrão" - o mostro sagrado do futebol português. Dois campeonatos, duas Taças dos Campeões europeus e uma Taça de Portugal é o palmarés de Bela Gutman na sua primeira passagem pelo Benfica e, obviamente, dos jogadores que compunham a equipa.
De 1954 a 1970 – foram dezasseis épocas ao serviço do
Benfica. Uma carreira recheada de títulos – 10 campeonatos, 7 taças de
Portugal, 2 Taças dos Campeões Europeus – e muitas internacionalizações pela
selecção portuguesa onde rubricou exibições memoráveis, nomeadamente no Mundial
de Inglaterra de 1966.
Ficou famosa a agressão de que foi alvo na final da Taça dos
Campeões Europeus, em Wembley, 1963, contra o Milan, num jogo que o Benfica
perdeu por 2-1. Na altura não havia substituições e Coluna esteve mais de vinte
minutos ausente do jogo a receber assistência nos balneários. Reentrou em campo inferiorizado e
assim se manteve até final da partida. O Benfica marcou primeiro por Eusébio,
tendo-se mantido à frente do marcador durante uma hora, mas a lesão de Coluna,
propositadamente provocada pelos italianos e durante décadas erradamente atribuída a Trapattoni, deitou tudo a perder. Dois anos mais
tarde, em 1965, em San Siro, contra o Inter, o Benfica voltaria a perder a final com
dez homens em campo, desta vez por lesão do guarda-redes, Costa Pereira, que
Germano – o grande Germano, o homem que jogava em todas as posições – teve de
substituir desde os 57 minutos, naquela que foi porventura uma das melhores
épocas de sempre do Benfica na Taça dos Campeões, com uma vitória em Lisboa
sobre o grande Real Madrid por 5-1!
Coluna realizou no Benfica 525 jogos, foi internacional 57
vezes, marcou o último golo em 25 de Outubro de 1969 contra o Boavista na Luz e
fez o último jogo oficial pelo Benfica, no Estádio Nacional, em 8 de Fevereiro de 1970,
contra a CUF do Barreiro.
É hoje condecorado em Maputo pelo Governo português com o
Colar de Honra de Mérito Desportivo. No Benfica merecia uma estátua, no mínimo
como a de Eusébio!
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