sábado, 9 de janeiro de 2010

O FCP HOMENAGEIA PEDROTO NO 25.º ANIVERSÁRIO DA SUA MORTE




O DISCURSO DE PINTO DA COSTA


Pedroto foi internacional, não chegou a duas dezenas de vezes, numa época em que Portugal só perdia. Jogou no Belenenses, no FCP e, se a memória me não falha, no Vila Real de Sto. António. No Porto foi campeão com Yustrich, com quem se incompatibilizou, boicotou e brigou fisicamente. Tudo porque não concordava com a disciplina imposta pelo gigante brasileiro nem com as exigências de profissionalismo que o brasileiro trouxe para as Antas.
Como jogador, Pedroto, à semelhança do que então acontecia com muitos outros, foi retrógrado e não compreendeu as grandes mudanças que lá fora se estavam operando na mentalidade os jogadores.
Depois da saída de Yustrich, injustamente escorraçado pelos jogadores, Pedroto continuou durante mais algum tempo como jogador.
A seguir iniciou a carreira de treinador nas camadas jovens do Porto. Depois treinou a Académica, o Varzim, e outros clubes até que chegou ao Porto novamente. No Setúbal conseguiu um dos melhores resultados da história do clube, assim como no Boavista onde venceu duas Taças de Portugal e alcançou o 2.º lugar no Campeonato Nacional. Treinou ainda o Guimarães com algum êxito. Foi, porém, no Porto que se sagrou campeão por duas vezes, na segunda das três passagens pelo clube.
Na última passagem pelo clube azul e branco, já com Pinto da Costa como presidente, Pedroto consolidou o clima de “guerra permanente” com os clubes do Sul, principalmente com o Benfica. Data também dessa época a hegemonia alcançada pelo FCP nas principais estruturas dirigentes do futebol nacional, com relevo para a arbitragem, que passou a dominar integralmente durante mais de duas décadas.
A carreira de treinador de Pedroto coincide com um grande declínio do futebol português. A selecção, que Pedroto também comandou por mais de uma vez, somava derrotas atrás de derrotas e não se apurava para nenhuma das duas provas maiores do futebol mundial: Campeonato da Europa e Mundial. A grande equipa do Benfica dos anos sessenta tinha chegado ao fim e no panorama nacional de clubes ninguém sobressaia.
Numa altura em que o futebol passava, a todos os níveis, por uma das mais profundas transformações da sua história, numa época em que Rinus Michels, à frente da “laranja mecânica” e do Ajax, lançava com êxito o “futebol total”, em Portugal, com Pedroto ao leme, jogava-se um futebolzinho apoiado (o famoso futebol português!) que somava derrotas e humilhações.
Pedroto foi como treinador ainda mais retrógrado do que como jogador, sem com isto desmerecer o valioso contributo que trouxe ao FCP, embora por razões que se situam à margem do jogo jogado. Não obstante, teve muitos discípulos e sempre foi muito elogiado. Fez de resto grandes amigos nos jogos de fortuna e azar, um dos seus passa-tempos favoritos.
Na homenagem prestada por ocasião do 25.º aniversário da sua morte, Pinto da Costa, com quem Pedroto formou uma parelha de múltiplas cumplicidades, não isenta de algumas rivalidades, invejas e pequenos conflitos, assegurou a vitória do FCP no campeonato em curso, como tributo de homenagem ao treinador que, no imaginário portista, está na origem dos êxitos do clube.
Como as previsões de Pinto da Costa não são como as dos economistas, Pedroto bem pode ter como certa a a dádiva de Pinto da Costa. Se Pinto da Costa garante a vitória...é porque já tem conhecimento do resultado final!

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