sexta-feira, 22 de abril de 2011

BENFICA - ANNUS HORRIBILIS




COMO NÃO HÁ MEMÓRIA

A presente época ficará certamente na história do Benfica como a sua pior época. Só mesmo uma improvável vitória na Liga Europa a poderia atenuar. Mas tal não acontecerá. O Benfica não tem equipa para ir à final.
Todos sabemos que no futebol sem batota tudo pode acontecer (e com batota também) mas não será uma antecipação arrojada concluir desde já que a época que está correndo constituirá uma das maiores frustrações do futebol do Benfica.
Nem sequer é equiparável ao pobre sexto lugar alcançado pela dupla Vilarinho-Toni na sequência da vitória eleitoral contra Vale e Azevedo e do despedimento de Mourinho como treinador. Tudo porque Vilarinho na sua imensa sabedoria queria à frente do Benfica um treinador benfiquista. Se queria um benfiquista por que não foi buscar o Barbas à Costa da Caparica, que é um benfiquista de alma e coração, a quem o clube muito deve, e nunca se aproveitou do clube para colher qualquer vantagem?
Mas esta época ainda é pior, porque este era o ano da confirmação. Depois de uma vitória no Campeonato o ano passado, alcançada com um futebol vistoso, empolgante, construído na base de uma equipa de luxo, que teve de se bater até ao último dia contra dois adversários que durante toda a época não lhe deram tréguas, este ano era, pelo seu significado simbólico e prático, o ano decisivo para o Benfica – ou se mantinha no topo e dava uma forte machadada na hegemonia do Porto ou voltava a perder e a vitória do ano passado passaria a ter um significado idêntico à de 2004/05.
Logo se percebeu pela forma como o Benfica iniciou as provas oficiais – Supertaça, Campeonato e Liga dos Campeões – que a equipa deste ano estava a léguas da do ano passado, incapaz pelas suas prestações de se alcandorar novamente no topo do futebol português. Erros vários, pelos quais são responsáveis a direcção e o treinador, logo deixaram antever o que se iria passar. E tudo ficou mais grave, quando o Benfica perdeu a Supertaça logo no início da época para o Porto, que até ai tinha sido uma equipa hesitante e instável, e depois, quase de enfiada, perdeu três jogos no início do campeonato e começou pessimamente a Liga dos Campeões, na qual acabaria por se classificar no terceiro lugar do grupo, sem honra nem glória, mercê de um golo conseguido no último minuto pelo Lyon contra o Hapoel de Televive.
Perante tamanha “catástrofe”, os dirigentes e o treinador ainda ensaiaram o discurso da vitimização, favorecido por alguns erros de arbitragem num ou dois jogos, mas a contundente derrota por 5-0 que a seguir o Porto lhe infligiu acabou por deitar por terra aquela estratégia e a deixar a nu a crua realidade – o Benfica deste ano era um flop!
A seguir a esta derrota, manteve-se o plano inclinado na Liga dos Campeões e nas competições domésticas. No entanto, mercê de um conjunto de jogos em casa com equipas fracas, a equipa conseguiu fazer vários jogos sem perder, tendo depois embalado, nos meses de Janeiro e Fevereiro, para uma série de vitórias e de exibições, entre as quais a vitória no Porto para a Taça de Portugal, que voltaram a dar novo ânimo aos desalentados adeptos benfiquistas.


O pior foi que aquilo que poderia ter sido aproveitado para galvanizar a equipa, na base de um discurso prudente e realista, deu lugar, por parte dos dirigentes e também do treinador, a um discurso triunfalista, desportivamente insustentável por quem continuava o oito pontos de diferença do primeiro, que continuava a ganhar, jogando melhor ou pior, mas sem nunca perder um ponto.
E novamente voltou uma euforia que os factos não sustentavam. Criou-se nos adeptos a convicção de que a Taça de Portugal já estava ganha, a Liga Europa para lá caminhava, a Taça da Liga eram favas contadas e campeonato ainda estava por decidir, pois, tendo como certa a vitória na Luz contra o Porto, só seria preciso esperar que este “escorregasse” mais duas vezes para ele ficar no “papo”.
E depois foi o que se viu: a derrota em Braga, de um Braga que até esse jogo ainda nem sequer tinha despertado para o campeonato, as derrotas e os empates subsequentes e, para cúmulo da vergonha e da humilhação, a vitória do Porto na Luz, selando do mesmo passo a conquista do título no estádio menos improvável de todo o campeonato.
Ficavam as outras três frentes, tidas pelos responsáveis desportivos e técnicos como “absolutamente seguras”. E eis que nova humilhação acontece: o Porto volta a ganhar na Luz por margem suficiente para afastar o Benfica da final.
O grande objectivo da época – quebrar a hegemonia portista – não só ficou por alcançar, como, pelo contrário, aquela ficou muito mais consolidada, com alicerces muito seguros na profunda desmoralização infligida às hostes benfiquistas.
Tudo se perdeu: as competições, a arrogância, a moral, o brio e até a superioridade moral, que episódios lamentáveis ocorridos na Luz e na TV Benfica igualmente destruíram.
Ao Benfica fica a possibilidade de uma vitória na “tacinha da latinha de cerveja” e o medo – sim, é disso que se trata: o treinador do Benfica tem medo do Porto – de reencontrar o Porto na final da Liga Europa.
Nunca na história do Benfica se tinha vivido tamanha humilhação!

1 comentário:

71460_5/8 disse...

já acabou a temporada??

PS: e eu a pensar que a pior época era aquela em que tínhamos sido eliminados logo no inicio das competições europeias e tínhamos ficado em 6º no campeonato.