terça-feira, 16 de março de 2010

A PRESIDÊNCIA DA LIGA PROFISSIONAL DE FUTEBOL



UM POUCO DE HISTÓRIA

Quando a Liga surgiu, o futebol profissional em Portugal estava pelas ruas da amargura. Havia batota e corrupção a rodos, apesar de nunca descoberta, mas de todos conhecida, por inépcia (ou outra causa) das autoridades de investigação criminal.
Depois de algumas hesitações iniciais, com presidentes pouco prestigiados e com quase tudo na mesma (no que respeita à arbitragem), Valentim Loureiro assumiu o comando por largos anos, até que directa ou indirectamente os eventos ligados ao “Apito dourado” praticamente o obrigaram a abandonar o lugar.
Seguiu-se Hermínio Loureiro na presidência e Vítor Pereira na arbitragem. Ambos são conhecidos sportinguistas, talvez por isso o Benfica admitindo haver algum exagero na escolha afastou-se do consenso.
Verdadeiramente, só por preconceito se poderá negar capacidade a alguém para dirigir o futebol pelo facto de essa pessoa pertencer ao clube A, B ou C, a menos que por factos passados haja um histórico de parcialidade, de compadrio, de contemporização com situações obscuras, que não deixe lugar a dúvidas.
Não era o caso. H. Loureiro era praticamente desconhecido como “homem do futebol” e Vítor Pereira era apenas, para muitos, o melhor árbitro português de todos os tempos. Poderá ter errado como árbitro, mas nem nesta qualidade nem posteriormente, depois de afastado daquela actividade, se conhecem quaisquer factos (ou até simples boatos) desabonadores da sua idoneidade.
Passado pouco tempo, o Sporting, que com tanto entusiasmo propusera e escolhera aqueles dirigentes, tornou-se no seu crítico mais feroz com insinuações que vão muito para além da simples discordância e antes se fundam em graves acusações de carácter que os factos de modo algum confirmavam ou sequer indiciavam. O Porto naturalmente seguiu-lhe as pisadas com base em razões historicamente conhecidas e o Boavista deixando desde então de poder contar com a “protecção” que as escutas tornadas públicas amplamente demonstram foi remetido para o lugar onde, pela sua conduta, já há muito deveria estar.
De surpreendente para alguns apenas a posição do Sporting. Se deixou de haver influências nefastas na Liga, se a direcção da arbitragem se esforça por assegurar a imparcialidade, apesar dos erros de que todos têm beneficiado e que a todos têm prejudicado, embora aos pequenos mais do que aos grandes, então como se explica a posição do Sporting? A única explicação plausível é a de que o Sporting esperava um tratamento de favor por parte dos sportinguistas que lá pôs. Como esse tratamento ostensivamente não existiu, o Sporting não lhes perdoa.
Dito de outro modo: o Sporting aceita com naturalidade que um árbitro erre a seu favor (como dezenas de vezes aconteceu, algumas delas decisivas para a sorte do jogo), mas não admite que um árbitro erre em seu desfavor. Quando isso acontece, para o Sporting há corrupção.
É este fanatismo, para situar a questão apenas ao nível das paixões (mas será só paixão?) que leva os comentadores televisivos do Sporting, por exemplo, a afirmar que Polga, no último domingo contra o Guimarães, não cortou a bola com o braço ou que tentou retirar o braço quando toda a gente viu exactamente o contrário e é esse mesmo fanatismo e despeito (eles sabem porquê) que levará o Sporting a tentar pôr na Liga um conhecido sportinguista que já anunciou que só para lá irá se for para “mudar tudo e para que as coisas não continuem como estão”.
Não pode haver pior palavras do que aquelas que são pronunciadas sem explicitação do conteúdo. Nelas cabe tudo, certamente as “reclamações” do Porto e do Sporting com vista à eleição de uma Liga que lhes agrade!
As palavras do candidato sportinguista ouvidas na TV não coincidem com as dos jornais. Nelas se faz alusão a vitórias que nada têm a ver com as funções do Presidente da Liga.
É, portanto, muito provável que mais uma vez se regrida no futebol. E em Portugal sabe-se o que isso significa. O despeito do Sporting é tanto…que nem lhe permite ver a triste figura que mais uma vez pode vir a fazer!

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