terça-feira, 1 de março de 2011

MOURINHO EM ESPANHA



O INEVITÁVEL ACONTECE

Mourinho não é tão inteligente como a propaganda à sua volta faz crer. Parte das dificuldades por que está a passar em Madrid teriam sido evitadas se tivesse compreendido onde estava. Mas ser inteligente significa antes de mais não ser narciso, nem ególatra. E Mourinho é uma coisa e outra. E cada vez mais.
O que se está a passar com Mourinho em Espanha é paradigmático. Mourinho não compreendeu o que é o Real Madrid. Nem como instituição, nem como equipa de futebol. Supôs, como frequentemente aqui temos dito, que estava a treinar uma equipa igual às que treinou antes, principalmente aquela da qual herdou o ADN.
E então assiste-se hoje em Madrid a esta coisa espantosa: há imprensa madrilista que por rejeitar tão categoricamente os processos de Mourinho até já apoia o Barcelona. Ou seja, utiliza o Barcelona como comparação para aquilo que o Real de Mourinho não é.
Em primeiro lugar, ninguém minimamente ilustrado em Madrid aceita a arrogância de Mourinho. Mas não só. Também não aceita os seus processos: o ataque permanente aos árbitros; a exigência de pressão contra todas as instâncias de poder; a culpabilização de quem não lhe segue os processos, nem os métodos.
Mourinho exige que pressionem a arbitragem, antes e durante o jogo, a começar pelo quarto árbitro. A cultura do Real, como grande equipa que é, não passa por ai. Mourinho exige também que seja o Real Madrid a decidir sobre o horário e o dia em que a equipa deve jogar e culpa implicitamente o presidente por não dominar as instâncias de poder da liga; Mourinho ataca os adversários; pede que lhes mostrem cartões; exige, implicitamente, que Messi seja maltratado, enfim, Mourinho está a tentar reproduzir em Madrid os processos que aprendeu noutra cidade da península.
Tudo isto está causando um enorme mal-estar à sua volta e a suscitar críticas muito duras de todos aqueles que não aceitam a adulteração da histórica cultura do Real Madrid. Hoje já são muitos os que abertamente acusam Mourinho de querer ganhar os jogos fora do campo.
E daqui à crítica da sua competência técnica foi um pequeno passo que os maus resultados da equipa ajudaram a transpor. Já hoje se escreve abertamente nos grandes jornais de Madrid que Mourinho não treinou o Real para jogar fora, onde aliás tem sofrido frequentes desaires. Segundo informações que vem de dentro, Mourinho só treinou a equipa para se defender dos ataques adversários e para sair em contra-ataque rápido. Daí que na maior parte das vezes o Real Madrid esteja perdido em campo.
Pela primeira vez, a imprensa diz que o rei vai nu! E Mourinho continua a queixar-se, a vitimizar-se como se estivesse a treinar uma vulgar equipa do meio da tabela.
Em conclusão: Olegário Benquerença faz muita falta a Mourinho. Pode ser que lhe apareça outra vez esta época na Liga dos Campeões…

2 comentários:

Anónimo disse...

Que foleiro...

Anónimo disse...

A verdade custa muito a ouvir. Por acaso li no El País de ontem críticas semelhantes àquelas que o autor do blogue descreve.