sexta-feira, 25 de março de 2011

PONTAPÉ DE SAÍDA - UMA FALHA IMPERDOÁVEL



OU UM ACTO FALHADO?

O programa da RTP N, “Pontapé de Saída”, realizado todas as semanas exclusivamente com “gente do Norte” – Freitas Lobo, Carlos Carvalhal, Álvaro Costa e o pivot – e um convidado, em regra um treinador ou um jogador ou ex-jogador, este eventualmente oriundo de outras áreas geográficas – tem a pretensão, louvável, de apenas falar de futebol.
De facto, como há muitos programas sobre futebol que apenas, ou quase, têm a arbitragem como objecto de todas as conversas, as mais das vezes perfeitamente imbecis, justifica-se que haja um programa que apenas trate de futebol. O que não quer dizer que em situações excepcionais erros clamorosos de arbitragem não pudessem ser abordados lateralmente na medida em que prejudicam o futebol. Todavia, os comentadores residentes nunca o fazem relativamente ao futebol doméstico, embora uma ou outra vez o tenham feito relativamente aos jogos da selecção e das competições europeias de clube.
No entanto, como neste país não há ninguém imparcial em matéria de futebol – desde logo os comentadores e jornalistas da rádio, imprensa escrita e televisão não têm a hombridade de declarar as suas simpatias clubistas –, o pontapé de saída embora se esforce por parecê-lo também não o é.
Carvalhal, que mantém uma atitude em geral correcta na análise dos jogos, não está igualmente à vontade em relação a todos os clubes. Sem referir o caso especial do Sporting, por onde passou recentemente, fazendo, por isso, questão de ser mais reservado, vê-se que trata o Porto com “pezinhos de lã”. A coacção difusa (ou efectiva) que o clube de Campanhã exerce obre os media, principalmente os situados no Porto, é muito forte e aqueles que vivem do futebol têm medo desagradar e sofrer as respectivas consequências. E cita-se o caso de Carvalhal como um caso limite, pois mesmo sendo um profissional sério e inteligente, até ele sofre esse constrangimento, independentemente das simpatias que possa ter.
Já o caso de Freitas Lobo é mais evidente. Jamais a excelente equipa do Benfica do ano passado ou deste ano lhe mereceu um elogio sem reticências. Elogios apenas pode haver em relação a algum jogador, mas apenas depois de ele abandonar o clube, como agora sucede com Di Maria, Ramires ou David Luiz.
(À parte: ao citar aqueles nomes, percebe-se que, nos tempos que correm, o Benfica para ganhar um campeonato em Portugal precisa de ter uma super-equipa, embora haja quem os ganhe com jogadores vulgares…de que nunca mais se ouve falar, depois de saírem).
Freitas Lobo, sempre tão exigente, tem, porém, várias excepções: a primeira é Carlos Queiroz. Para além do estilo truculento e malcriado que o caracteriza, Queiroz é futebolisticamente falando um zero à esquerda. Pois Freitas Lobo defendeu-o não apenas socialmente, mas também no plano técnico-táctico, vendo nele qualidades que só ele vislumbra.
O pivot, completamente alinhado com o “estilo de jornalismo desportivo do Porto”, faz o possível, sempre, para não trazer “a jogo” algo que possa prejudicar o FCP ou beneficiar o Benfica.
No último programa, onde Carvalhal não esteve, falaram com Peseiro, que não deixou de fazer várias críticas a Queiroz, falaram da selecção – e Freitas Lobo aproveitou para dar uma forte “tareia” em Pepe, pelas declarações que fez relativamente a Queiroz, embora nunca se tenha lembrado de dar idêntica “tareia” a Pepe pelas selvajarias que ele pratica em campo – e nem por um segundo se referiram aos jogos da última jornada.
Como é possível que gente que “gosta tanto de futebol” não tenha mostrado nem feito alusão a uma das mais belas jogadas de futebol de que há memória como foi aquela da qual resultou o terceiro golo do Benfica em Paços de Ferreira? Para quem anda permanentemente a pesquisar na internet jogadas que fizeram época ou golos que ficaram na memória de todos, o “Pontapé de saída” omite uma das mais belas jogadas e dos mais extraordinários golos do futebol moderno.
Ainda vão ter que explicar isto…

4 comentários:

Luis disse...

Este "post" não passa de uma autêntica anedota e só pode concluir-se ser escrito por alguém que acha que um programa só é bom se se disser bem do Benfica e só deste!
E é por isso mesmo que faz os comentários que faz ao programa porque não consegue alcançar o que é um (bom) programa que fale só do futebol jogado dentro do campo pelas 2 equipas e não dos seus acontecimentos laterais!!!
Quem entende que um programa sobre futebol só é bom se falar sobre as intriguices das arbitragens, principalmente quando não é contra o seu clube (e infelizmente é a maioria dos, supostos, adeptos em Portugal), é lógico que não consegue ver que o Pontapé de Saída é simplesmente o melhor (e único) programa sobre futebol que existe!
Recomendo-lhe que leia e veja, em Inglaterra em Espanha em Itália ou na Alemanha, toda a imprensa destes países durante a semana seguinte aos jogos e verifique se existe por lá a polémica que se passa por cá com as arbitragens (e por lá também se cometem erros bem grosseiros) se esta não incluir o Benfica!!!

Ricardo Viana de Lima disse...

Mas que é que este comentário tem a ver com o post? Acaso se pôs em causa o facto de o programa não tratar de arbitragens? Não se diz no post que a maior parte dessas conversas são imbecis? Embora se saiba que há em Portugal quem se dedique apenas a esse assunto antes dos jogos. As escutas provam-no, como antes destas outras já tinham provado muitas mais coisas.
Mas não é disso que estávamos a tratar. Estavamos a tratar de uma jogada de futebol não invalidada pelo árbitro. E também da defesa da qualidade profissional de Queiroz. que é fraca, não porque não seja aplicado, mas porque não sabe e não tem jeito...
Portanto, o comentário, que se agradece, acerta "na água", ou seja, dispara para onde não há alvo!

Luis disse...

Cito: "O que não quer dizer que em situações excepcionais erros clamorosos de arbitragem não pudessem ser abordados lateralmente na medida em que prejudicam o futebol." Se isto não é pôr em causa "o facto de o programa não tratar de arbitragens" o que é que será???

e continuando a citar: "Como é possível que gente que “gosta tanto de futebol” não tenha mostrado nem feito alusão a uma das mais belas jogadas de futebol de que há memória como foi aquela da qual resultou o terceiro golo do Benfica em Paços de Ferreira?"
Como se o mundo do futebol fosse só feito dos golos bonitos do Benfica!!!

E sem mais comentários porque o disparate é tanto (e obviamente faccioso) que nem merece a pena perder mais tempo!

Ricardo Viana de Lima disse...

Este Luis é claramente uma pessoa mal educada e muito convencida. E não me parece uma pessoa séria. Porquê? Porque faz uma analogia entre os erros grosseiros que acontecem,eventualmente, na Inglaterra, e os "erros" da arbitragem em Portugal.
Mas será que ele não sabe que existe um fundado clima de suspeição no futebol português. Um clima fundado em factos inequívocos com provas abundantes nestes últimos 25/30 anos? Existe algo de parecido na Inglaterra? Já há muito os corruptores e os corrompidos estariam irradiados do futebol.
Mas há mais, não falar nunca de arbitragem nos jogos domésticos, mesmo nos casos em que os resultados são grosseiramente adulterados, é também uma forma de apoiar os que tiram vantagem dessas batotas.
Não se está a falar do comentário idiota do adepto que nem as regras conhece e que deturpa os factos que toda a gente está a ver. Não, não é disso que se fala.
Mas não será tão ou mais idiota do que esta forma de falar de arbitragem os comentários que durante meses foram feitos no programa a propósito de Queiroz? E do "projecto" de Queiroz? Sem relembrar as críticas que esse mesmo comentador fazia a Scolari, que poderia ter muitos defeitos e outras tantas limitações, mas teve o mérito, o grande mérito, de ter desvinculado a selecção dos mesmos poderes fácticos, mafiosos, que dominam o futebol. Será gostar de futebol apoiar quem age subservientemente por conta alheia e desprezar quem actua com independência?